As mudanças climáticas já fazem parte de nossa realidade com a intensificação do desmatamento por um projeto que ganhou força maior com o golpe contra a presidenta Dilma, em 2016.
Uma ala mais reacionária desse projeto constitui uma agenda de negacionismo climático que assume proporções ainda mais catastróficas na vida do povo, dada a materialização da crise ambiental.
Há ainda um outro grupo que defende a sustentabilidade do agronegócio, “economia verde”, no sentido de que as novas tecnologias de rastreio das commodities, controladas pelas grandes transnacionais como Bayer/Monsanto, Syngenta/ChemChina, Basf, Corteva e FMC possibilitariam a identificação das cadeias de fornecedores destas empresas, supostamente evitando a compra de grãos ou gado oriundos de áreas de desmatamento.
No entanto, o problema da crise não está apenas no desmatamento, mas também no modelo de produção que depende do uso de agrotóxicos, insumos destrutivos ao meio ambiente e à saúde humana. Houve inclusive um aumento do uso de agrotóxicos na última década, em especial o herbicida cancerígeno glifosato.
À primeira vista o cenário pode ser tão desesperador que muitas vezes gera, sobretudo na juventude, uma sensação de apatia e imobilismo, de inviabilidade ao pensar uma realidade alternativa e ter esperança que ainda é possível reverter o quadro que nos encontramos.
E de fato, a mudança dessa realidade só é possível a partir da transformação estrutural de cada uma de nós e da sociedade. Parece evidente que não é uma boa ideia insistir na dupla exploração sociedade-natureza para manter padrões injustos e suicidas de produção, consumo, desperdício e acumulação de capital.
Che Guevara em seu tempo e Airton Krenak hoje nos fazem uma chamada para uma humanidade nova, ou seja, para a construção de novas relações que assumam a indissociabilidade nossa com a natureza.
Mas mais do que isso, mudar a si não basta, é preciso organizar a luta para construir coletivamente uma sociedade em que a agroecologia deixe de ser uma alternativa e seja um caminho necessário. Em que as florestas, a terra, os rios e mares sejam sujeitos vivos, não produtos, mercadorias, commodities, seja lá como o capitalismo quiser chamar. É preciso colocar fim ao modo de produção capitalista, haja visto que a lógica do lucro acima de tudo não permite que se leve em consideração os limites do planeta.
Mudar o mundo é possível, mas é preciso convicção e coragem. Isso é um chamado.
Pra avançar nesse debate e no processo organizativo dessa luta, convidamos todos e todas para o Encontro Estadual Levante em Luta: erguer florestas, derrubar o capital, nesse final de semana, dia 6 e 7 de julho em São José dos Pinhais. Clique aqui.
*Rodrigo Cardoso da Silva Gonçalves: estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária, da UTFPR - Fco Beltrão e coordenação estadual do Levante Popular da Juventude
*Ana Keil: fonoaudióloga e coordenação nacional do Levante Popular da Juventude.
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato
Edição: Lucas Botelho