Quem perambula pelo bairro Novo Mundo, do lado de cá da avenida República Argentina, nas mediações da avenida Pedro Zagonel, ou então em alguma de suas ruas paralelas, certamente já se deparou, ou pelo menos olhou de relance, uma senhora carrinheira, de vestimentas coloridas, que recolhe material reciclável pelas ruas do bairro.
Principalmente, é dado como certo encontrá-la na antiga área de ocupação e na região conhecida como bolsão Formosa – que abrange as vilas de mesmo nome, além da vila Maria e Uberlândia, Leão, Canaã, São Jorge e Ferrovila. O mapa não é o território, já disse um pensador anarquista. E não sem razão. De fato, Dona Silvia conhece cada palmo dessas comunidades.
Todas as tardes, ela pode ser encontrada na sala da casa dos Graminho, família que foi fundadora da Formosa, e onde circula ainda a memória de Jaime Graminho, fundador do PT, ex-combatente popular na revolta dos Colonos. Ali, Dona Silvia, como é conhecida na região, tira um momento para assistir um filme ou uma novela na TV. Rotina que foi interrompida apenas pela reportagem. Dona Silvia, como é conhecida na região do Formosa, tem 64 anos, é paulistana, mas aos três meses de idade “tornou-se gaúcha”, em Porto Alegre.
Em Curitiba, onde mora há 24 anos, problemas de saúde a apartaram do mundo formal do trabalho. No Formosa, Silvia vive na garagem de uma pensão, onde, com organização minuciosa, separa os materiais recicláveis e ainda aplica a sua estética colorida e separação cirúrgica dos materiais no espaço onde mora.
Para não ter problema com outros moradores inquilinos do local, devido à escassez de luz, Silvia toma banho todas as madrugadas, às três horas, para então sair às ruas às cinco da matina.
Ela narra que já chegou a carregar nas costas 300 quilos de material reciclável no carrinho. Hoje, por recomendação médica, a quantia de valor transportado é muito menor, chegando a colocar as coisas em um carrinho de supermercado mesmo.
Porém, de forma diretamente proporcional, o preço dos materiais também têm caído nos últimos anos, o que dificulta a renda dessa trabalhadora.
Com isso, ela é obrigada, além de recolher poucos materiais, a pedir dinheiro nas ruas do bairro, para assim dar conta do tratamento para osteoporose e artrose generalizada, além da necessidade de pilhas para o aparelho auditivo. Silvia ainda demanda uma alimentação adequada à osteoporose, caso de leite desnatado. Mesmo enfrentando muitas vezes reações negativas nas ruas por parte das pessoas, Silvia tem coração muito generoso e despreocupado:
- Há muito preconceito com os carrinheiros. Mas não gosto de julgar ninguém, não sei o que os outros pensam, afirma.
É participante ativa das atividades da associação de moradores da vila Formosa e das ações solidárias da União de Moradores/as e Trabalhadores/as (UMT). Está presente contribuindo nas atividades e festejos. Sempre com uma reflexão humana e crítica sobre o mundo que a cerca.
- Estou triste com o planeta, que está sendo destruído, estão acabando com a Amazônia, reflete.
Com seu colar de latinhas colorido, que, como ela explica, na verdade cumpre a função de não deixá-la perder a chave de onde mora, Silvia se mostra uma entusiasta do carnaval de Curitiba, participando há anos do bloco Garibaldis e Sacis.
Campanha de Apoio
Hoje, a União de Moradores e Trabalhadores (UMT), que atua na região da Formosa, pede apoio para dona Silvia, para que consiga reunir recurso para seus gastos com saúde.
Quem estiver disposto a ajudá-la, com qualquer valor, segue abaixo o número de conta da UMT, que realiza semestralmente prestação de contas:
PIX: Chave PIX é o CNPJ: 52.503.464/0001-14.
Edição: Lucas Botelho