Eloy Jacintho, do povo Guarani Nhandewa, emerge como uma das figuras mais proeminentes na luta pelos direitos indígenas no Paraná.
Com uma trajetória marcada pela militância e engajamento político, Jacintho é pré-candidato pelo Psol nas próximas eleições, consolidando uma voz potente em defesa dos povos originários e do meio ambiente.
Nascido e criado em terras indígenas, Jacintho tem uma conexão profunda com a cultura e a luta dos povos indígenas. Um dos organizadores do Território Sagrado Floresta Indígena de Piraquara, ele tem sido uma voz na denúncia da falta de demarcação e do abandono das aldeias pelo poder público.
De acordo com ele, muitas comunidades indígenas vivem sem saneamento básico, escolas ou acesso à saúde, enfrentando a precariedade diariamente.
A recente criação do Conselho Estadual dos Povos Indígenas do Paraná (CEPI-PR) representou um marco significativo na trajetória de Jacintho. Ele foi um dos 22 indígenas eleitos para compor o Conselho, que busca ampliar as representações dos povos indígenas no Paraná.
“Era uma antiga demanda das lideranças históricas dos povos indígenas, que lutaram por muito tempo por essa conquista”, afirmou Jacintho, destacando a importância de compartilhar com o Estado a atenção e o reconhecimento das demandas e necessidades dos povos indígenas.
Abril Indígena
Jacintho também foi um dos organizadores do primeiro Abril Indígena no Território Indígena Floresta Estadual Metropolitana, em Piraquara.
O evento teve como tema “Nhandereko para salvar o planeta” e promoveu atividades culturais e debates sobre a vivência dos costumes indígenas, além de conscientizar sobre a história e as lutas atuais dos povos indígenas no Brasil.
A sua atuação política não se limita às atividades comunitárias e culturais. Eloy Jacintho foi eleito o primeiro vereador indígena da história de Santa Amélia, no Norte Pioneiro do Paraná, em 2012, pelo PDT.
Em 2020, concorreu ao cargo de vereador em Curitiba pelo mesmo partido. Agora, como candidato pelo Psol, Jacintho se apresenta com o mote “Curitiba é Terra Indígena”, reforçando a importância de reconhecer e integrar a presença indígena na capital paranaense.
Projetos nacionais
Eloy Jacintho também tem se destacado na luta contra o marco temporal e outros projetos de lei que ameaçam os direitos indígenas e a preservação dos territórios tradicionais.
A liderança alerta que a aprovação do PL 490/2007 e do PL 191/2020 pode agravar a situação de áreas indígenas no Paraná, como em Umuarama e Piraquara, levando a um retrocesso nos direitos conquistados pelos povos indígenas.
Apesar de rejeitar o título de líder indígena, Jacintho é reconhecido como uma figura central na articulação e mobilização dos povos indígenas no estado.
Sua visão de que todos, inclusive as crianças, são líderes em potencial, reflete uma concepção coletiva e horizontal de liderança, fundamental para a coesão e resistência das comunidades indígenas.
A candidatura de Eloy Jacintho foi lançada no último dia 22, reunindo simpatizantes e apoiadores da causa indígena. A presença de Eloy Jacintho na política é um passo significativo para a representação indígena no Brasil, país onde a representação política indígena ainda é extremamente baixa. De acordo com dados do IBGE, de 2010, os indígenas representam cerca de 0,47% da população brasileira, na época no número de 896.917 mil indígenas, mas que possuem uma representação mínima nas esferas legislativas do país.
Além disso, as violações dos direitos indígenas no Brasil são alarmantes.
Relatórios da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) indicam um aumento nos casos de invasões de terras, desmatamentos ilegais e conflitos agrários envolvendo terras indígenas.
Em 2022, foram registrados inúmeros casos de violência contra povos indígenas, incluindo assassinatos e ameaças, ressaltando a urgência de uma proteção mais efetiva e de políticas públicas voltadas para a defesa dos direitos desses povos.
Com uma trajetória marcada pelo compromisso com a justiça social, a preservação ambiental e a valorização das culturas indígenas, Eloy Jacintho Nhandewa pode ser um rosto novo e uma esperança renovada nas eleições de outubro.
Edição: Pedro Carrano