Paraná

Meio Ambiente

"O que estamos fazendo é plantar o futuro", diz ministra Sônia Guajajara durante a 2ª Jornada da Natureza, no Paraná

Ação foi organizada pelo MST na Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras

Curitiba (PR) |
A ministra Sonia Guajajara participou da semeadura aérea de três mil quilos de pinhão e juçara. - Foto: Juliana Barbosa / MST-PR

Da página do MST

A Terra Indígena (TI) Rio das Cobras, localizada em Nova Laranjeiras, na região Centro-Sul do Paraná, recebeu a 2ª Jornada da Natureza nesta terça-feira (4). A atividade teve a presença da ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, do chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, e da ministra interina do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiaveli.

Os ministros foram recebidos com música e dança da etnia Kaingang, apresentada pelo coletivo da Juventude Indígena Goykipyn, da TI Rio das Cobras, e pelo grupo Vanhga, da TI Água Branca, de Tamarana. Estavam presentes integrantes das 11 aldeias da TI, caciques e representantes de diversas Terras Indígenas do estado, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PR), entre outros. 

A Jornada é realizada pelo MST-PR em parceria com diversos órgãos públicos e universidades. Realizada entre os dias 3 e 7, as ações fazem parte das celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho. 

Durante a ação, a ministra Sonia Guajajara participou da semeadura aérea de três mil quilos de pinhão e juçara, realizada com helicóptero da Polícia Rodoviária Federal. Também houve o início do plantio de dois hectares em Sistema Agroflorestal (SAF) Comunitário, com mudas nativas, erva-mate, araucária e mandioca, e distribuição de 100 kits produtivos, com rama de mandioca, mudas e sementes. 


Foi a primeira vez que Sonia Guajajara visitou uma TI do Paraná como ministra. / Foto: Juliana Barbosa

Em sua primeira visita a uma terra Indígena do Paraná como ministra, Sônia Guajajara enfatizou a importância da Jornada da Natureza e da aliança entre os povos para o cuidado do meio ambiente. 

“Nada mais propício e oportuno, na semana do Meio Ambiente, essa agenda conjunta e com toda a turma do MST. É muito esperançoso a gente estar aqui participando da jornada e semeando floresta, restaurando territórios, plantar esse verde que o mundo inteiro precisa. É muito importante, não só pra mim, o mundo todo precisa, nesse momento de crise climática que o mundo vive. E também semear essa esperança e despertar essa vontade das pessoas, essa consciência para que todos possam plantar cada vez mais [...]. É uma emoção muito grande, vai ser a minha primeira experiência de semear voando”, disse a ministra.

Caciques de todo o Paraná participaram da atividade, e apresentaram uma carta de reivindicações à ministra, com pautas relacionadas à melhoria do atendimento à saúde, educação, moradia e fomento à agricultura. 

Ao final do encontro, depois de ter visitado a comunidade indígena e conversado com lideranças locais, a ministra garantiu esforço em atender as pautas entregues pelas lideranças. “O que estamos fazendo aqui hoje é semear o futuro [...]. Hoje aqui é um exemplo que vocês estão dando, indígenas e MST, pra que a gente possa levar pra outras regiões e outros territórios. Hoje estamos não só recuperando áreas e as plantas nativas, mas também garantindo segurança alimentar e a geração de renda”. 


A TI Rio das Cobras abriga cerca de 1.150 famílias indígenas das etnias Kaingang e Guarani. / Foto: Juliana Barbosa

A TI Rio das Cobras é a maior terra indígena do Paraná, com 19 mil hectares e 11 aldeias das etnias Kaingang e Guarani. Ao todo, cerca de 1150 famílias indígenas vivem no local. As comunidades têm Brigada de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, a Prevfogo, integrada ao Programa Federal de Brigadas do Ibama. É a primeira do sul do Brasil.  

Angelo Rufino, cacique da TI Rio das Cobras, sintetizou a vinda da ministra como um momento histórico para a comunidade e para todo o Paraná. O líder indígena enfatiza a importância do plantio de pinhão e juçara para garantir o acesso a esses alimentos para as futuras gerações. “O pinhão é um cultivo que a gente vem tendo em todas as Terras Indígenas, mas vem se acabando”. 

Aliança entre o povo indígena e Sem Terra


A aliança entre o MST e a TI Rio das Cobras têm se fortalecido nos últimos anos. / Foto: Juliana Barbosa

A aliança entre o MST e a TI Rio das Cobras têm se fortalecido nos últimos anos. Durante a pandemia da covid-19, famílias Sem Terra doaram alimentos às comunidades indígenas, no período de piora nas condições de vida para toda a população. 

“Nós temos bom relacionamento com o MST. Nós temos que ter relacionamento para trabalhar juntos, e quando eles crescerem a comunidade indígena também pode crescer. Então a gente já vem trabalhando ao longo desses anos em parceira”, conta o cacique Angelo. 

Tarciso Leopoldo, morador da comunidade Dom Tomás Balduíno e integrante da direção estadual do MST, conta que a TI Rio das Cobras tem uma relação e um simbolismo históricos para as famílias Sem Terra da região. Sobre a parceria para a realização da Jornada da Natureza, ele conta terem ocorrido diversas reuniões em conjunto, para ter grandes resultados na recuperação da Mata Atlântica. “Os indígenas são referência na preservação da natureza, nós sabemos que eles tem uma reserva natural gigantesca, e só existe essa reserva porque tem terra indígena aqui”. 

Conheça a Jornada da Natureza

A 2ª Jornada da Natureza é realizada pelo MST e pela Associação de Cooperação Agrícola e Reforma Agrária do Paraná (ACAP), com patrocínio da Caixa Econômica Federal, e parceria com Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Superintendência do Instituto de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR), Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Itaipu Binacional, Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Secretaria Comunicação Social do Governo Federal, Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA), Cooperativa de Crédito Rural de Pequenos Agricultores e da Reforma Agrária do Centro Oeste do Paraná (Crehnor), Universidade Federal da Fronteira Sul campus Laranjeiras do Sul (UFFS), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Instituto Água e Terra (IAT) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR).

Confira a programação dos próximos dias:

05 de junho, quarta-feira (Dia Mundial do Meio Ambiente) - Guarapuava e Pinhão (PR)
 Atividade: Lançamento de semente de araucária no assentamento Nova Geração, e almoço com pratos feitos a base de pinhão, seguido de assembleia popular da Reforma Agrária na comunidade Nova Aliança. 

07 de maio, sexta-feira - Antonina
 Atividade: Lançamento de sementes de palmeira juçara, com assembleia e almoço comunitário a base de peixe, palmito pupunha e frutas. Também haverá apresentações culturais do grupo de Fandango Caiçara Mandicuera e Boi de Mamão. 

Edição: Mayala Fernandes