Paraná

EDUCAÇÃO EM LUTA

Tribunal de Justiça tenta suspensão, mas professores mantêm data de início da greve para segunda (3 de junho)

"Apesar de toda a tentativa de enfraquecer a nossa luta, não recuaremos", afirma Walkíria Mazetto

Curitiba (PR) |
Professores reafirmam legitimidade da greve e apostam na mobilização - Leandro Taques

Educadores da rede pública reafirmaram, neste final de semana, que iniciam na segunda-feira (3 de junho) greve por tempo indeterminado, para pressionar o governo Ratinho Jr (PSD) e os parlamentares da base do governo a retirar da pauta o projeto Parceiro da Escola, que prevê a privatização da gestão de 200 escolas no Paraná.

Além da suspensão das privatizações, a pauta da greve inclui o pagamento da data-base deste ano (3,69%) e a compensação das perdas salariais dos educadores, que já supera 39%.

Professores, 29 núcleos sindicais em todo o estado, movimentos populares e estudantis devem participar de mobilizações em todo o Paraná. Em Curitiba, haverá concentração na Praça Santos Andrade a partir das 8h, seguida de marcha até o Centro Cívico, onde professores acompanharão a votação na Assembleia Legislativa do PL 345.

Em Curitiba, a mobilização terá a participação também de estudantes e de trabalhadores da UFPR, ITFPR e IFPR. Trabalhadores do segmento também estão em greve nacional.

Apesar da judicialização da greve, o sindicato afirma que mantém a data do início do movimento paredista. O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) emitiu uma decisão que determina a suspensão do início da greve, solicitando que o sindicato apresente um plano para a manutenção dos serviços educacionais, alegando se tratar de um setor essencial. Caso contrário, será aplicada multa diária de R$ 10 mil.

Em grave impasse, a partir da decisão da desembargadora Dilmari Helena Kessler, exigindo plano de manutenção das atividades educacionais, o site do governo do Paraná orientou, via Secretaria de Educação do Paraná (Seed-PR), que os pais enviem os filhos para a aula.

Ao passo que o sindicato aponta para a comunidade escolar que os professores estarão em greve. “A APP-Sindicato recomenda aos pais, mães e responsáveis que não enviem suas crianças e jovens à escola, pois não haverá educadores nos locais de trabalho”, afirma o sindicato.

“Nossa greve é legal, cumpriu todos os ritos… Apesar de toda a tentativa de enfraquecer a nossa luta, não recuaremos, temos compromisso com a educação pública, buscamos todas as possibilidades de negociação antes de o projeto ir para a Alep”, afirma Walquíria Mazetto, presidenta da APP-Sindicato, nas redes sociais, ao longo deste feriado.

Operação bilionária

De acordo com a APP-Sindicato, as 200 escolas sob risco imediato de privatização têm cerca de 175 mil matrículas. As empresas escolhidas devem receber R$ 800 por mês por estudante matriculado. Por mês, as empresas devem receber cerca de R$ 126 milhões, o que soma R$ 1,5 bilhão por ano.

"Com base no que aconteceu nas duas escolas do programa piloto, 5% dos valores repassados são “taxa de administração” e 7% são “lucro” das empresas. Isso dá cerca de R$ 17 milhões por mês e R$ 200 milhões por ano a menos aplicados nas escolas pelo governo", afirma o sindicato.

A APP avalia que esses valores que vão beneficiar as empresas deveriam ser investidos em toda a rede estadual, incluindo as escolas que não integram o Parceiro da Escola. 

O sindicato aponta o risco de que, se o PL 345 for aprovado, Ratinho Jr decida expandir a privatização para todas as mais de 2,1 mil escolas da rede pública estadual.  

 

Edição: Pedro Carrano