Paraná

OCUPAÇÃO ROSE NUNES

Opinião. Menos de 12% dos cargos políticos são ocupados por mulheres no Paraná

Dados revelam que apesar do aumento da participação feminina nas disputas municipais, os cargos são subocupados

Curitiba (PR) |
Mulheres ocupam imóvel vazio e criam Casa de Referência da Mulher Rose Nunes em Curitiba. - Foto: Movimento Olga Benário/ PR

Levantamento elaborado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que menos de 12% dos cargos políticos são ocupados por mulheres nos municípios do estado do Paraná.

A pesquisa considerou as últimas cinco eleições municipais, período de 20 anos de disputa. As candidaturas femininas que concorreram a cargos nas câmaras municipais foram equivalentes a 28,5% do total, 41.778 de 146.496. A proporção numérica de cargos às prefeituras cai para 562 mulheres do total de 5.721 candidaturas nos 399 municípios do estado do Paraná, menos de 10%.

A situação no estado não é um fenômeno isolado: nacionalmente, apesar das mulheres serem 46,2% dos filiados a partidos e 52% do eleitorado no país, apenas 18% se tornam candidatas, porcentagem agravada se for considerado os casos de candidaturas laranjas; campanhas falsas lançadas por partidos políticos apenas para cumprirem a cota mínima de gênero.

A falta de presença feminina se expressa também nas decisões políticas adotadas pelos espaços institucionais de poder, com políticas econômicas do fascismo sendo aprovados pelos ditos eleitos pelo povo, a exemplo dos projetos de privatização da água em diversos estados no último período.

A falta de representação é reflexo de uma sociedade baseada na propriedade privada, e se expressa também nas decisões institucionais. Hoje, o estado do Paraná alcançou a dura posição de terceiro lugar em quantidade de feminicídios contabilizados em 2023, segundo relatório do Laboratório de Estudos de Feminicídio (LESFEM), construído por pesquisadoras da UEL com a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM) de Londrina.

De acordo com os dados da Lei Orçamentária de 2023 (LOA), Curitiba teve, durante o ano desse duro recorde, o orçamento bruto total de 11,5 bilhões. Em outras palavras: a atual gestão do prefeito higienista Rafael Greca não tem interesse de resolver os problemas das mulheres e investir em políticas públicas voltadas para o enfrentamento a essa realidade na dimensão demandada.

A mobilização da sociedade civil é o caminho para a transformação desse cenário desfavorecido: Para Tayná Miessa, coordenadora da Casa Rose Nunes, a primeira ocupação de mulheres do Paraná, a luta organizada fortalece as trabalhadoras para disputar o poder.

“Quando as mulheres se unem para disputar os espaços de poder que até pouco tempo nos eram impedidos, a vida de todas nós se modifica um pouco. Nunca nos deram espaço, poder e direitos, tudo o que temos, conquistamos por luta. Assim foi feito para que estivéssemos aqui hoje e assim fazemos para as que virão“.

A ocupação, construída no dia 27, funciona como centro de referência e atende mulheres em situação de violência com profissionais voluntárias da rede de enfrentamento do movimento, e é mais um exemplo do que as trabalhadoras podem fazer quando se organizam em coletivo e decidem disputar o poder e tomar os rumos da cidade.

Edição: Pedro Carrano