Paraná

CONDIÇÕES DO POVO

Vila União, no Tatuquara, inaugura almoço para crianças da comunidade

Houve no Brasil uma diminuição de 20 milhões de pessoas que sofriam de insegurança alimentar grave

Curitiba (PR) |
No primeiro dia de preparação do almoço, a moradora mara, trabalhadora de call center, colocou-se como voluntária no preparo - Pedro Carrano

Áreas de ocupação e comunidades têm buscado desenvolver experiências comunitárias de organização. Entre as principais, sem dúvida, estão as cozinhas comunitárias.

Na vila União, ocupação existente desde maio de 2021, localizada no bairro Tatuquara, e que abriga cerca de 200 famílias e 178 crianças no ensino infantil e fundamental, a cozinha já servia diariamente café da manhã para as crianças, junto com a experiência do reforço escolar. E agora haverá também almoço servido para as crianças por volta das 11 horas.

Um dos coordenadores da comunidade é Cláudio Ávila, o “Claudião do povo”, que conta que o almoço será servido nas segundas, quartas e sextas-feiras. “Queremos trazer resultado para o povo da vila. Pensamos no povo e no café comunitário. Engrenamos o café e é todo dia, pode chover chuva de pedra que vai estar aqui o café da criançanda", diz.

A cozinha conta com o suporte de padre redentorista Joaquim Parron, com o apoio da Frente de Organização dos Trabalhadores (FORT) e conta ainda com alimentos oriundos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Aproveito bananas e abóboras para fazer doce”, afirma Claudião.

Trabalhadora voluntária

No primeiro dia de preparação do almoço, a moradora Mara, trabalhadora de call center, colocou-se como voluntária no preparo. “Segunda venho dar uma força”, ela conta, uma vez que é justamente o único dia de folga na semana. Mara narra a epopeia de chegar em casa domingo às 18h, arrumar a casa, e ter a disposição para às 6 horas contribuir na comunidade.

“Segunda venho dar uma força. Minha satisfação é de estar fazendo algo. Tem que gostar de fazer”, afirma, ela que também estava emocionada com o fato de ter feito parte da cozinha no início da ocupação, nos quatro primeiros meses, e agora, três anos depois, com mais estrutura.

“A cozinha vem para acrescentar na vida das crianças da comunidade, hoje é satisfação dizer que estamos servindo para as crianças, a maioria das famílias não tem condição de oferecer alimentação de qualidade, por conta dos baixos salários, e ali temos crescimento e desenvolvimento. As famílias não podem ficar sem alimentos”, aponta Marcia Regina da Silva, integrante da coordenação da comunidade.


Na vila União, ocupação existente desde maio de 2021, são 178 crianças / Pedro Carrano

Redução da fome é fato, mas ainda um desafio

De acordo com pesquisa do Instituto Fome Zero, divulgada em fevereiro, houve no Brasil uma diminuição de 20 milhões de pessoas que sofriam de insegurança alimentar grave e/ou moderada e uma redução de oito milhões no número de pessoas com insegurança alimentar grave no primeiro ano de governo Lula - devido às políticas ligadas ao bolsa família e ao aumento do salário mínimo.

Isso representa uma redução da insegurança alimentar no Brasil de 30%. O nível de insegurança alimentar grave voltou aos patamares de 2020, antes da pandemia. Porém, relatório da ONU de 2023 apontava que eram 10 milhões de pessoas desnutridas no país, durante o período 2020 a 2022. Os desafios ainda são grandes depois das crises dos governos anteriores.

Edição: Mayala Fernandes