Por volta das 20 horas do dia 1 (segunda), na ocupação Nova Esperança, organizada pelo Movimento Popular por Moradia (MPM), em Campo Magro (PR), a polícia militar e a Rone promoveram uma noite de violência contra integrantes da comunidade.
Relatos apontam que a PM teria invadido casas de moradores e torturado uma mulher da comunidade. O motivo seria suposta retaliação pela morte de PM, cujo cadáver teria sido encontrado em carro no interior da ocupação.
Depois da incursão, com pelo menos quatro viaturas, e entrada sem mandado judicial na casa de morador, o clima na ocupação ficou tenso durante a madrugada, sob o peso do medo de retorno das retaliações.
A reportagem do BDF PR esteve no local e lideranças apontam que não são contrárias à investigação policial sobre o crime, a partir de operativo da inteligência da PM. No entanto, são contra criminalização da comunidade como um todo como teria ocorrido.
Lembrança dura
O atual episódio é recordado como similar ao ocorrido na área 29 de março, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), em 8 de dezembro de 2018, quando, como forma de retaliar a comunidade, dezenas de casas foram incendiadas, com forte suspeita de ter sido uma ação da polícia.
Já em Campo Magro, no final de 2021, na Nova Esperança, a busca da polícia por um morador suspeito de crime aterrorizou a comunidade.
Ainda no final da noite, entidades, mandatos parlamentares e integrantes da campanha Despejo Zero acionaram a Promotoria de Justiça de Almirante Tamandaré, que passou a acompanhar os fatos, bem como Olympio de Sá Sotto Maior Neto, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos do Ministério Público do Paraná, quem contactou Polícia Militar e Gaeco - para onde amanhã (2) o movimento popular deve fazer denúncia sobre o ocorrido.
Foram acionados também o deputado federal Tadeu Veneri (PT), a deputada estadual Ana Júlia (PT) e Renato Freitas (PT), bem como a vereadora Giorgia Prates (Mandata Preta, PT), entre outros, que ficaram de prontidão sobre o caso, determinando também assessores para acompanhamento.
No início da madrugada, por volta de 1 hora, moradores faziam vigília na frente da ocupação, e certamente ficariam ali até o amanhecer. A princípio, não havia movimento de viaturas, apenas o receio que algum operativo voltasse à Nova Esperança.
- "Aqui está para ser regularizado e está pacificado. O problema é justamente quando entra a PM aqui dentro", afirmou um morador.
Edição: Lucas Botelho