O ex-prefeito e ex-governador do Paraná, Beto Richa, não deverá ter vida fácil em sua possível filiação ao Partido Liberal, legenda liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ontem (13), o deputado federal pelo PSDB-PR, se encontrou com dirigentes da legenda e com Bolsonaro para selar a possível entrada do tucano nas fileiras bolsonaristas. O encontro foi intermediado pelo também deputado federal do PL-PR, Filipe Barros. Contudo, um setor mais radical da sigla não gostou nada da ideia de ter Richa como candidato a prefeito de Curitiba representando o partido.
O deputado estadual, e pré-candidato pelo PL a prefeitura de Curitiba, Ricardo Arruda, acabou se deparando com Richa nos corredores da sede nacional do partido, em Brasília, e surpreendido, foi falar com Bolsonaro e o presidente nacional do partido, Waldemar da Costa Neto. Questionado pela reportagem do Brasil de Fato PR, Arruda garantiu que após conversar com dirigentes nacionais, a filiação de Richa deverá ser vetada.
“Após muito empenho que eu tive ontem em Brasília, mostrando a verdade de quem é Beto Richa no Paraná, ele não será aceito no PL, foi um grave erro do deputado Filipe Barros de indicar e apoiar o Beto Richa”, declarou para a reportagem.
A ala mais radical do PL no Paraná representada por Arruda e também o deputado federal Paulo Martins se recusam a apoiar a filiação de Beto nas suas fileiras.
Em um vídeo divulgado aos filiados do partido no Paraná, Arruda ligou Beto Richa ao vice-presidente Alckmin, e ao governo federal por conta da indicação do ex-secretário de seu governo, Michele Caputo Neto, para um cargo em Itaipu. Citou também o histórico de corrupção de Richa, que chegou a ser preso no âmbito da Operação Quadro Negro, que investigou desvios na educação durante sua gestão à frente ao governo do Paraná até 2018.
Já Paulo Martins, em resposta a possível filiação de Richa, entregou o comando do partido em Curitiba. Procurado pelo Brasil de Fato, o deputado não confirmou a informação do veto à filiação de Richa, e indagado se caso isso ocorresse voltaria ao comando do PL, se restringiu a dizer que “tudo está nas mãos da direção do partido”.
Richa, que confirmou publicamente sua pré-candidatura a prefeitura de Curitiba durante uma entrevista ao Blog do Esmael, divulgada nesta quarta-feira, 13, chegou a margear o palanque de seu ex-vice-prefeito, Luciano Ducci com um acordo para que sua esposa, Fernanda Richa, pudesse ser a vice de Ducci. A ideia chegou a ser cogitada, mas as tratativas acabaram esfriando.
A entrada de Beto no jogo eleitoral com o apoio de Bolsonaro bagunça o cenário político curitibano, e joga lenha na fogueira das candidaturas à direita. Um dirigente da Federação Brasil da Esperança ouvido pela reportagem avaliou que Richa tiraria votos de Eduardo Pimentel e racharia a direita.
O gabinete de Beto Richa foi procurado para comentar a informação, mas ainda não respondeu a reportagem. A direção estadual e nacional do PL também, mas ainda não respondeu se o veto ocorrerá. O espaço está aberto para esclarecimentos.
Edição: Pedro Carrano