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Trabalho doméstico e capitalismo

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Esse mais-valor é apropriado por meio de um salário pago para o marido da classe trabalhadora - Juliana Barbosa
Esse mais-valor é apropriado por meio de um salário pago para o marido da classe trabalhadora

Como donas de casa, as mulheres da classe trabalhadora são excluídas da produção capitalista ao serem isoladas em rotinas domésticas, com condições tecnológicas pré-capitalistas.

São as mulheres que produzem não só o que a família consome, elas produzem a própria força de trabalho, ou seja, são as responsáveis pelo trabalhador poder trabalhar, por garantirem comida, roupa, higiene, etc. Isso quer dizer que o trabalho doméstico, é um trabalho produtivo porque produz mais-valor (ou mais-valia) ao capitalista.

Esse mais-valor é apropriado por meio de um salário pago para o marido da classe trabalhadora, que assim se torna o instrumento da exploração da mulher.

Portanto, podemos entender que a mulher é escravizada de um escravizado assalariado.

O cenário fica ainda mais complexo ao entender que o trabalho doméstico é um dos aspectos que fornece a base material para a opressão das mulheres e da classe, visto que a economia capitalista as trata como um exército industrial de reserva massivo, que por consequência, gera uma baixa nos salários da classe trabalhadora como um todo.

Por isso, ancorada nessas reflexões, sugiro duas alternativas estratégicas:

1) Socializar a luta da trabalhadora doméstica isolada, mobilizando as donas de casa em torno de questões referentes a não remuneração de seu trabalho e a separação da família ao mundo externo;

2) Compreender e assimilar isso em nossas lutas de que não basta ser antipatriarcal, é necessário ser anticapitalista;


"Isso que chamam de amor é trabalho não pago", Cidade Autônoma de Buenos Aires, 2019 / Arte: Ailén Possamay

 

 

Edição: Pedro Carrano