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Bolsonaro apresentou as suas armas e segue sendo um forte ativo eleitoral

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Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro durante ato na Avenida Paulista, em São Paulo (SP) - Reprodução YouTube/ Silas Malafaia
A tática de “Frente Ampla” e de “conciliação nacional” desarma e desmoraliza os setores do povo

1. A manifestação da extrema direita na Avenida Paulista no domingo (25) foi uma considerável demonstração de força política e de massas, com a presença dos governadores de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás e do prefeito paulistano, dezenas de deputados e senadores, centenas de prefeitos.

2. A polarização é o traço principal da conjuntura política. É um fato incontornável e que exige da esquerda partidária e social uma tática de enfrentamento, de nitidez programática, uma luta cotidiana – política, cultural e valores ideológicos – nas ruas, redes sociais, no parlamento e nas demais instituições da sociedade.

3. A tática de “Frente Ampla” e de “conciliação nacional” desarma e desmoraliza os setores do povo que marcham com esquerda, que querem mais e que respondem com desalento aos acordos e alianças com os velhos políticos da direita neoliberal.

4. Michele Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, o deputado Nikolas e o governador Ronaldo Caiado, emergem como fortes opções eleitorais entre as diversas frações da extrema direita. Michele transita melhor entre todas as camadas de eleitores que são agrupados pelo bolsonarismo.

4. Foi a maior manifestação a favor do governo de Israel no Ocidente. A extrema direita brasileira tem como um dos seus mais potentes eixos ideológicos a aliança com o governo sionista de Israel.

5. O debate acerca do número de pessoas no ato da extrema direita na Avenida Paulista é secundário. Sob qualquer critério de levantamento foi numeroso, massivo: 185 mil (USP), 600 mil (PM-SP) ou 300 mil (analistas e sites). A manifestação foi expressiva, com densidade política e cumpriu seu objetivo: chantagear e pressionar o STF e mandar um recado para a velha direita neoliberal no Congresso,com a possibilidade da apresentação de um PL pela anistia dos generais criminosos, do próprio Bolsonaro e do andar de baixo do 8J.

6. O ex-presidente Jair Bolsonaro (e a corrente liberal-neofascista) segue sendo um forte ativo eleitoral. Nas próximas eleições municipais, em muitas capitais e regiões metropolitanas, será uma força decisiva, relevante, fagocitando a velha direita neoliberal.

7. Nem subestimar e nem superestimar a força do bolsonarismo, porém é necessário entender a natureza e o alcance real dessa corrente política reacionária, que reúne desde setores do empresariado, os diversos segmentos das camadas médias e fatias da classe trabalhadora urbana.

8. De efeito imediato na cena política: a manifestação da Paulista agrupa a extrema direita com a bandeira da “Anistia”. Ou seja, o ato de domingo forneceu um eixo político, uma narrativa para enfrentar as ações judiciais do Supremo Tribunal Federal e as investigações da PF. Tudo indica que, por ora, a prisão de Bolsonaro e dos generais golpistas estão descartadas — apesar das substanciais provas.

 

*É jornalista e escritor. Colabora em diversas mídias progressistas e de esquerda. É o autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (2019), ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020), ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (2021) e de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país‘ (2022) — todos pela Kotter Editorial. É militante do Partido dos Trabalhadores (PT), em Curitiba. Faz Pós-graduação em Ciência Política.

**As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do jornal Brasil de Fato

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Edição: Pedro Carrano