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Coragem PT! Por uma candidatura própria do PT em Curitiba

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O PT não serve para outra coisa que não construir um projeto democrático, socialista e popular no Brasil" - Divulgação
Carol Dartora responde o BDF PR: "O PT deve ter candidatura própria à prefeitura de Curitiba?"

*Escrito com Matteus Henrique, advogado e pré-candidato a vereador de Curitiba

São muitas as razões pelas quais o PT deve ter candidatura própria em Curitiba. Nesta breve reflexão, evidenciaremos algumas das mais importantes, diante do caráter formativo das eleições, contribuindo para o sepultamento de alguns tabus, especialmente em se tratando da política partidária, contribuindo para a politização da sociedade e consolidando a democracia.

Nesse ínterim, uma pergunta deve ser o norte de qualquer debate do partido: “Para que serve o PT?”. O PT não serve para outra coisa que não construir um projeto democrático, socialista e popular no Brasil.

E esse entendimento deve ser essencial para toda a política de alianças do partido, de enfrentamento nas ruas, formação política e formulação de programa. E as consequências de tais afirmações são consistentes. Isso porque levam o PT à necessidade de não esquecer seu passado e suas origens, negando-se a firmar alianças com candidatos neoliberais, defensores do golpe contra a presidenta Dilma (2016) e partícipes da política nefasta do centrão. 

E quando olhamos, a partir dessa compreensão, diversos elementos tornam-se mais cristalinos. Eis, portanto, algumas das razões da importância da candidatura própria em Curitiba.

Oposição: tendo em vista ainda lutarmos contra a extrema direita em Curitiba, sem uma candidatura própria e representativa do campo progressista da cidade, não haverá oposição ao projeto posto de cidade. A polarização que uma candidatura do PT pode colocar no cenário das eleições é uma grande oportunidade de disputar a consciência da população e levar uma candidatura de esquerda ao segundo turno.

Representatividade: uma candidatura própria permite que o PT apresente suas propostas e ideais diretamente aos eleitores e eleitoras de Curitiba, garantindo uma representação direta de suas políticas e valores.

Fortalecimento do partido: ao lançar uma candidatura própria, o PT fortalece sua base eleitoral na cidade, consolidando sua presença e mobilizando seus apoiadores.

O argumento, portanto, de que a uma candidatura de aliança contribui para o fortalecimento da base do governo Lula não encontra eco na realidade. O orçamento que está prestes a ser aprovado neste ano de 2024, prevê quase R$ 60 bilhões de reais para emendas parlamentares. No ano passado, já foi pago valor igualmente vultuoso.

Ou seja, em 2024 mais de um terço do Orçamento Público do Governo Federal irá para o poder legislativo por meio das emendas parlamentares, em razão das pressões do centrão, que tornam o presidente refém.

Lula já loteou ministérios, secretarias, agências e, com isso, ainda não ganhou nenhum parlamentar para a base governista. O presidente continua com os mesmos 130 deputados, e, ao que tudo indica, vai continuar assim nos próximos quatro anos.

O que vai fazer com que Lula tenha governabilidade é a disputa das ruas e as vitórias do partido nas eleições, não a negociação de cargos e a realização de alianças que não tem nos levado a nada.

Diferenciação de propostas: ter um candidato ou uma candidata própria permite que o PT destaque suas políticas e projetos específicos para Curitiba, diferenciando-se de outras candidaturas e partidos, oferecendo uma alternativa popular aos eleitores e eleitoras. Isso é especialmente importante se o partido tiver uma plataforma específica e focado em questões que são particularmente relevantes para a comunidade local.

Controle da agenda política: uma candidatura própria dá ao PT maior controle sobre a agenda política da cidade, permitindo que o partido leve adiante suas prioridades e demandas.

Fortalecimento do partido localmente: ao apresentar uma candidatura própria, o PT demonstra sua presença e comprometimento com a política local. Isso pode fortalecer a identidade do partido entre os eleitores e eleitoras, e aumentar sua base de apoio na cidade.

Mobilização da militância: ter uma candidatura própria pode motivar os e as militantes e simpatizantes do PT a se engajarem na campanha, seja através de trabalho voluntário, mobilização de eleitores ou divulgação de propostas. Isso pode aumentar a energia e o alcance da campanha do partido.

Tal elemento se acentua nestas eleições, na medida em que, depois de muitos anos, temos uma disputa aberta para a prefeitura de Curitiba e com candidaturas competitivas do PT.  Exemplo disso é o resultado da pesquisa do Instituo Veritá, em dezembro passado, que atribuiu 12% das intenções de votos para Carol Dartora.

Ou seja, é uma disputa aberta, sem favoritos ou reeleição. E sendo uma disputa aberta, com a militância como a que o PT tem, nós podemos disputar.

Formação de uma bancada representativa: eleger vereadores e vereadoras do PT significa garantir uma voz no legislativo municipal para representar os interesses e preocupações da população que apoia o partido. Uma bancada forte pode influenciar decisões, propor projetos de lei e fiscalizar a atuação do Poder Executivo local.

A partir de um levantamento feito por militantes do partido, levando em conta os dados da última eleição, a partir de dados abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando o PT tem candidato ou candidata na eleição majoritária, aumentamos em 60% as chances de eleger pelo menos um vereador ou vereadora.

Dos 1.739 municípios em que o PT disputou as eleições proporcionais sem candidatura para eleição majoritária em 2020, em 54% dos casos não elegeu nenhum vereador. Já nos 1.199 municípios com candidatura própria à prefeitura, a situação se inverte: o PT elegeu pelo menos um vereador em 58% deles. Ou seja: uma campanha para prefeito ou prefeita costuma alavancar as campanhas para vereador(a).

Em média, o Partido dos Trabalhadores ocupa um percentual duas vezes maior das Câmaras de Vereadores nos municípios em que disputa também o poder executivo – independente do resultado da eleição para prefeitura.

Construção de uma base para futuras eleições: eleger vereadores e vereadoras é fundamental para o fortalecimento do partido a longo prazo. Uma presença consistente no legislativo municipal pode criar uma base sólida para o PT disputar eleições futuras em níveis estadual e federal na cidade.

Em resumo, ter uma candidatura própria para eleger vereadores e vereadoras em Curitiba não apenas fortalece o PT localmente, mas também permite que o partido promova suas ideias, mobilize sua base e construa uma presença duradoura na política municipal.

Portanto, sobram motivos para que o PT tenha coragem. Coragem para fazer o novo de novo. Coragem para apresentar um projeto popular e representativo para Curitiba. Coragem para defender seus valores e princípios. Coragem para disputar e vencer em Curitiba.

Edição: Pedro Carrano