Paraná

Denúncia de racismo

Giorgia Prates: “É obrigatória a interrupção do evento esportivo em caso de denúncia ou manifestação de conduta racista”

Vereadora condena ato de racismo em jogo de vôlei em Curitiba 

Curitiba (PR) |
Foram ouvidas manifestações imitando o som de macaco vindas das arquibancadas, no momento de um saque da jogadora Dani Suco - Divulgação FPV

Jogo realizado no ginásio do Círculo Militar do Paraná, em Curitiba, na noite de sexta-feira (26) foi marcado por ofensas e injúrias raciais denunciadas pelas jogadoras Dani Suco, Camilly Ornellas e Thaís Oliveira. Durante a partida, foram ouvidas manifestações imitando o som de macaco, vindas das arquibancadas, no momento de um saque da jogadora Dani Suco.

Diante desse ocorrido, na partida da Superliga B, entre Tijuca e Curitiba Vôlei, Giorgia Prates (Mandata Preta - PT), vereadora de Curitiba, presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e autora da Lei Vini Jr, entrou em contato com as atletas e manifestou-se nas redes sociais sobre as medidas necessárias para combater o racismo em ginásios, arenas e estádios esportivos (públicos e privados) da cidade.

De acordo com a vereadora, com a sanção da Lei Vini Jr, publicada em Diário Oficial no dia 5 de dezembro, os organizadores de eventos esportivos tiveram 30 dias para se preparar para a aplicação do protocolo de combate ao racismo, além de divulgação e ações educativas nos eventos.

“Aprovamos na Câmara um Projeto de Lei que cria uma série de mecanismos de prevenção e de combate ao crime racial (nos espaços esportivos). É obrigatória a interrupção de evento esportivo em caso de denúncia ou manifestação de conduta racista por qualquer pessoa presente. Então, se um grupo de pessoas, ou alguém sozinho, for flagrado, árbitros e organizadores têm o dever de interromper a partida até que o comportamento cesse”, afirma.

Resistências

Já a jogadora Dani, em vídeo realizado depois do jogo, afirma que informou os juízes da partida sobre as injúrias raciais. Dani conta que os responsáveis não colocaram os relatos de racismo na súmula. Alegaram que o documento deveria ter apenas “algo relacionado ao jogo”. Mesmo diante das reclamações das jogadoras, de acordo com a conversa de Giorgia com as atletas, o delegado da partida também teria se recusado a incorporar a denúncia ao relatório da partida.

Um torcedor presente no jogo, Wagner Aragão, que também é jornalista e colaborador do Brasil de Fato Paraná, participou de vídeo de Dani Suco, ao final da partida, atestando que de fato ocorreram as injúrias raciais. Ele aponta que havia resistência entre as autoridades do esporte em aceitar que aconteceram os insultos.

“De imediato não era perceptível. Vi que ao final da partida a Dani estava angustiada, porque a CBV se recusava a colocar na súmula, e fui até lá garantir que, no meio das vaias e gritos, havia ruídos imitando macacos”, atesta o jornalista.

Por meio das redes sociais, o Curitiba Vôlei disse que está ciente dos relatos das atletas do Tijuca Tênis Clube, mas afirma que “até o momento, não se pôde constatar, seja pelas imagens ou áudio da partida, a ocorrência do alegado”. A equipe curitibana afirmou que segue apurando e que entregará as imagens da partida para as autoridades.

Orientações 

Por sua vez, Giorgia Prates orienta que a denúncia de racismo deve ser levada “imediatamente ao conhecimento das autoridades, posteriormente os organizadores devem apresentar descrição dos fatos à Polícia Civil, à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Curitiba e à assessoria de Direitos Humanos e Promoção da Igualdade Étnico-racial e de Povos Originários da prefeitura de Curitiba”.

Edição: Lia Bianchini