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Coluna

A resistência das mulheres no protagonismo das torcidas organizadas

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Por determinação judicial, torcida do Athletico foi formada exclusivamente por mulheres, crianças de até 12 anos e pessoas com deficiências - Divulgação/Fanáticos
"É um jogo político, pelo protagonismo das mulheres e também por democratizar o acesso ao estádio"

O Athletico Paranaense fez seu primeiro jogo do ano na Arena nesta quarta-feira (24) contra o Maringá pelo Campeonato Paranaense. Com a punição imposta pela Justiça Desportiva, ficou liberada a entrada exclusivamente de mulheres de todas as idades, crianças de até 12 anos (com 12 anos a serem completados até a data da partida, incluindo meninos) e Pessoas com Deficiências (homens e mulheres). Sendo as mesmas condições válidas para a torcida visitante.

A Torcida Os Fanáticos é a principal torcida organizada do Clube, responsável por entoar os gritos de guerra nos estádios e com suas faixas, caveiras e a sua bateria, deixam a festa mais bonita e empurram o time rumo às conquistas.

Considerando que nesse jogo era permitido a entrada de mulheres, crianças e pessoas com deficiências, a torcida organizada também teve que se adequar a este critério. Desde o ano passado, houve uma grande mobilização para que mais mulheres pudessem bandeirar, tocar e se integrar à torcida. Para este jogo, as mulheres da caveira fizeram apenas um ensaio, na terça-feira (23), para ajustar pequenos detalhes, já que todas fazem parte da torcida. Ainda que não estejam em espaços efetivos de poder, elas sabem fazer uma linda festa.

Para Pedriane Lorena Gomes, integrante da torcida, "nós precisamos dar uma importância para esse jogo. Pois, é um jogo político, pelo protagonismo das mulheres e também por democratizar o acesso ao estádio. Tendo em vista, que a maioria dessas pessoas não têm condições de pagar os preços abusivos que o Clube cobra nos ingressos. Para que mais pessoas possam sentir o Atleticanismo, vibrarem e se divertirem".

As dificuldades vividas pelas mulheres que ousam ser protagonistas nos espaços considerados de “homens” as fazem driblar o sexismo e o machismo. Mas como nós, mulheres, somos teimosas e fortes, seguiremos lutando pelos nossos espaços. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser, né?

Daqui a alguns anos, lutaremos para ter mais Dulce Rosalina, a primeira mulher líder de torcida organizada no Brasil, na nossa história.

*Giovanna Viola é bacharel em Direito, comunicadora popular, militante do Movimento Feminista e do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Pesquisa sobre a resistência e luta das mulheres no futebol.

**Este é um texto de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Lia Bianchini