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Estamos sob a mesma tempestade, uns a nado, outros de iate

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Em Curitiba, quando o volume da chuva é grande, casas são alagadas, carros submersos, eletrodomésticos e moveis são perdidos - Acervo Pessoal
Todos sofremos, mas há os que sofrem com um ar-condicionado

Chega o verão e vem as chuvas torrenciais que causam severas destruições. Este ano, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, estão enfrentando eventos extremos que não podemos chamar de meros acidentes, porque são resultado direto do desequilíbrio ambiental gerado por este modo de produção predatório.

Todos sofremos, mas há os que sofrem com um ar-condicionado. Musk e Zuckenberg agora investem em abrigos subterrâneos e nós, que certamente entramos na conta dos cinco bilhões da população mundial que empobreceu?

O pato que pagamos aqui na base desta pirâmide social não é o da FIESP, assim como aconteceu esta semana na baixada fluminense, aqui em Curitiba, quando o volume da chuva é grande, casas são alagadas, carros submersos, eletrodomésticos e moveis são perdidos, alimentos e roupas são contaminados pela água de esgoto, nunca na ‘zona sul’.

É longe do cartão postal que o racismo ambiental opera sua lógica.

E foi o tema do racismo ambiental que gerou mobilização essa semana na teia das redes de extrema-direita no Brasil, pipocaram publicações ridicularizando declarações da ministra Anielle Franco que mencionou o termo ao comentar as enchentes do RJ.

Por isso como bom antropólogo que posso me dizer, aponto elementos para contribuir na reflexão e na boa desconstrução da enxurrada de senso tendencioso acerca desta “nova” concepção.

O termo surgiu nos anos 80 e é de autoria do Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr, indica a “discriminação racial no direcionamento deliberado de comunidades étnicas e minoritárias para a exposição a locais e instalações de resíduos tóxicos e perigosos”

Voltamos para o século 21:

- São os 10% mais ricos que emitem 50% do carbono;

- Os setores que lucram com a destruição ambiental são a mineração, agropecuária e a especulação imobiliária;

- Os 50% mais pobres emitem 10% do carbono;

- Quanto mais negro o fenótipo, maior a possibilidade da pessoa ser pobre, com raras exceções;

Em síntese, os “de cima” lucram e as consequências da destruição pesam sobre os “de baixo”, a lógica posta, do “cada um por si” é uma ilusão, a saída será coletiva ou não será;

Nesse sentido, é necessário seguirmos na batalha de ideias, nomeando e dando sentido a materialidade deste horizonte de destruição em massa, se não construirmos internacionalmente a força social necessária para superar nossos limites enquanto espécie, depois de tornar o planeta inabitável, Elon Musk vai colonizar Marte ao lado dos 5 mais ricos do mundo, se seus foguetes obtiverem êxito (o que duvido).


 

Edição: Pedro Carrano