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Procura-se o respeito à cultura popular

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Desfile de carnaval em Curitiba - Ana Keil
Um panorama do carnaval fora do eixo RJ-SP, marcado pela tomada das ruas, e também por lutas

Há quem diga que o carnaval é uma festa cristã, por sua relação com o período da quaresma, desde os tempos babilônicos há registros das origens desse ritual coletivo. O cerne da festança? Subverter papeis sociais estabelecidos ou exacerbar os prazeres humanos.

Pelas bandas de cá, não é novidade que o Rio de Janeiro tem quase o monopólio da referência em carnaval na apoteose da avenida.

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA) – criada por um contraventor do jogo do bicho - mantém o monopólio da organização da festa.

Em São Paulo, as escolas de samba figuram como coadjuvantes no cenário nacional e, nos últimos anos, a prefeitura vem fomentando o carnaval de rua.

Mas o Brasil não é apenas o eixo Rio-São Paulo.

As maiores referências do carnaval de rua estão no nordeste, em Salvador com seus carros elétricos, o Galo da Madrugada, maior bloco de Recife, abre os trabalhos de rua que se seguem com muito frevo pelos dias de folia.

Olinda e seus famosos bonecos também marcam o imaginário da cultura popular carnavalesca brasileira. Em Minas Gerais, os blocos de rua chegaram com tudo, arrastando milhares de pessoas para a capital nos últimos anos e desenvolvendo economicamente um setor que atende as demandas de foliões.

E no Sul? Por aqui há tantas contradições quanto blocos de rua e escolas de samba. Isso mesmo, por aqui também tem carnaval, Florianópolis, por exemplo, tem bloco que já arrasta mais de 100 mil pessoas pelas ruas da ilha. Porto Alegre e Curitiba apresentam competição de escolas de samba organizadas pela respectivas prefeituras.

Ainda assim, há em comum aqui, uma possibilidade maior para a repressão do Carnaval. Isso porque muitas atividades econômicas que giram em torno da festa não são regulamentadas, o que gera conflito entre administração publica e trabalhadoras/es da temporada.

Em Curitiba o pré-carnaval mal começou e já pipocaram relatos de repressão, arrombamento de veículos para apreender mercadoria, truculência na abordagem, repressão à ambulantes e completo descaso da prefeitura.

Assim parece que o carnaval só pode existir em clubes de elite, com suas máscaras e taças de champagne, é cumprindo seu papel primordial que o Carnaval chega expondo a disputa entre os que veem com horror a folia e os que só querem foliar.

Em resposta à onda de violência institucional, na próxima segunda-feira (15), às 18 horas, ambulantes se reunirão na frente da prefeitura de Curitiba para reivindicar o direito de trabalhar.

Se a prefeitura não quer carnaval na cidade, a cidade fará seu carnaval na prefeitura. Bora?


 

Edição: Pedro Carrano