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Ademar Traiano já foi citado em casos de corrupção da Operação Quadro Negro e delações da Obrechet

Presidente da Alep entra na berlinda com graves acusações de corrupção e censura judicial

Curitiba (PR) |
Ademar Traiano (PSD) coleciona denúncias de corrupção - Dálie Felberg

Em meio a controvérsias e denúncias de envolvimento com corrupção que já se estendem desde 2017, Ademar Traiano (PSD), presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), enfrenta mais um capítulo sombrio em sua carreira política.

Após fortes embates com o deputado estadual Renato Freitas (PT), que o acusou de ''corrupto'' no plenário da Alep, Traiano viu um escândalo envolvendo uma delação premiada contra ele e o ex-deputado estadual Plauto Miró ressurgir, trazido à tona pelo próprio Freitas. 

A delação premiada, conduzida pelo empresário Vicente Malucelli, abrange a licitação da TV Icaraí, da qual Malucelli é um dos responsáveis. O acordo de delação com Ministério Público do Paraná aponta a confissão dos deputados de terem recebido propina no contrato com a prestadora de serviços da TV Assembleia. Os detalhes sobre a delação permanecem sob sigilo. Recentemente, a juíza Giani Maria Moreschi, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), determinou a retirada do ar e proibiu novas matérias sobre o caso. A ordem de censura foi solicitada pelo próprio Traiano e atingiu nominalmente os veículos Plural, RPC e Globo. A liminar foi derrubada na noite desta quarta (6).

Outros escândalos

A censura ressalta a intensidade do embate em torno das acusações, lançando mais incertezas sobre o futuro político de Traiano, que, inclusive, já foi citado em outros escândalos.

Na Operação Quadro Negro, que revelou desvios milionários em obras de escolas estaduais, por exemplo, a partir da colaboração premiada de Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor e principal delator do esquema, Traiano foi apontado como beneficiário de propinas. O empresário detalhou repasses financeiros ao político, descrevendo reuniões na residência do então governador Beto Richa para definir contribuições não declaradas à campanha de Traiano em 2014.

Além dessas acusações, Traiano figura em outros episódios nebulosos. Em 2018, foi solicitada a instauração de inquérito relacionado à Quadro Negro. Seu nome também apareceu nos registros da Operação Lava Jato, em delações envolvendo a Odebrecht, vinculado a doações eleitorais da Cervejaria Petrópolis, em 2010, alegadamente via caixa dois.

O político, contudo, tem negado veementemente qualquer envolvimento ilícito.

“O senhor não é rei”

Diante da recente decisão judicial que impôs a censura de reportagens abordando a delação que implica Traiano em um escândalo de corrupção, o deputado estadual Renato Freitas (PT) não hesitou em novamente rotular o parlamentar como “corrupto”, durante a sessão plenária de segunda (4) na Alep.

"Além do senhor não ser rei, não é um bom exemplo de deputado, ao meu ver, pois é corrupto, sabidamente. Pelos corredores desta Casa, já estava certa a minha cassação”, disse Freitas, que é alvo de processo disciplinar por quebra de decoro, decorrente de sua anterior acusação de corrupção contra Traiano, durante uma discussão em outubro.

Ao fazer menção ao processo que tramita em segredo de Justiça, Freitas ainda acrescentou: "O mundo girou e as provas vieram. Hoje, digo com provas porque o próprio presidente da Casa certificou e confessou um crime de corrupção." 

Ainda na mesma sessão desta terça, o deputado Fabio Oliveira (Podemos) encaminhou um requerimento ao Ministério Público do Paraná, solicitando esclarecimentos sobre o acordo de leniência com uma prestadora de serviços na TV Assembleia no processo relacionado à suspeita de pedido de propina envolvendo Traiano.

Em resposta, o presidente da Alep afirmou que não se manifestará sobre o caso, considerando que o processo está em segredo de Justiça.

Edição: Lia Bianchini