Paraná

Coluna

Semear a esperança: A 20ª Jornada de Agroecologia revela o potencial transformador da semente

Imagem de perfil do Colunistaesd
Foi um testemunho do poder do coletivo, da união entre campo e cidade na busca por soluções para a crise ambiental que enfrentamos - Foto: Joka Madruga
A semente, em sua simplicidade, nos ensina sobre o potencial de crescimento e renovação

No cerne de cada grão de terra, reside a promessa de uma semente.

Uma promessa silenciosa, mas poderosa, que carrega consigo o potencial de transformação e renovação. Esta é a essência da agroecologia, uma ciência e um movimento que reconhecem a semente não apenas como o início de uma nova planta, mas como o símbolo de esperança e resiliência na nossa relação com a terra.

A 20ª Jornada de Agroecologia, que se desdobrou em Curitiba, foi uma celebração vibrante desta promessa. Mais de 900 variedades de produtos agroecológicos de 120 grupos do Paraná encheram o campus da UFPR de vida e cor, mostrando que o cuidado com nosso planeta e a preservação de sua biodiversidade não são apenas possíveis, mas urgentemente necessários.

Cada estande na feira era uma janela para a alma da terra, uma história contada por meio de alimentos saudáveis e itens produzidos com amor e respeito ao meio ambiente. A diversidade de sementes crioulas, cada uma portadora de uma herança e uma história única, era um lembrete de que a biodiversidade é uma riqueza inestimável que precisamos proteger.

Este evento não foi apenas um ponto de encontro para trocas comerciais, mas um espaço de diálogo e aprendizado. As conferências, seminários e oficinas, realizados em colaboração com instituições educacionais, foram um convite à reflexão e à ação. Artistas como Leci Brandão, Bia Ferreira e Chico César, por meio de suas músicas, reforçaram a mensagem da importância da agroecologia para um futuro sustentável.

No entanto, a Jornada de Agroecologia foi mais do que uma exibição de diversidade e um espaço para o debate. Foi um testemunho do poder do coletivo, da união entre campo e cidade na busca por soluções para a crise ambiental que enfrentamos. As discussões sobre políticas públicas, o desafio do "Pacote do Veneno" e a campanha Despejo Zero mostraram que o cuidado com a terra vai além da agricultura; é uma questão de justiça social e ambiental.

A carta da 20ª edição, lida no encerramento do evento, não foi apenas uma declaração de intenções, mas um chamado à ação. Ela ressaltou a necessidade urgente de reconhecer a agroecologia como uma prioridade nas políticas públicas, não só para garantir o direito à alimentação, mas também para preservar a vida na Terra.

A semente, em sua simplicidade, nos ensina sobre o potencial de crescimento e renovação. A Jornada de Agroecologia me mostrou que cada um de nós tem o poder de plantar sementes de mudança. Juntos, podemos e devemos fazer do cuidado com a terra e sua biodiversidade uma prioridade absoluta, pois é nessa conexão profunda com a terra que encontramos nossa esperança e nossa força para construir um futuro sustentável.
 

Edição: Pedro Carrano