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O monopólio legítimo do uso da força física é eficiente para quem?

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Coluna da edição 327 do Brasil de Fato Paraná - Reprodução
Podemos contar com a atuação das forças de segurança pública do estado? O episódio ensina que não

Situação previsível, Polícia Militar alertada e mesmo assim o pior aconteceu. A atuação das forças de segurança pública do estado devem ser questionadas!

No sábado (11), uma briga generalizada tomou conta da partida entre Coritiba x Cruzeiro, após o time da casa fazer o gol nos acréscimos. Vale destacar que há grande rivalidade entre as torcidas, devido a grande amizade entre a Império Alviverde e a Galoucura, principal organizada do Clube Atlético Mineiro e maior rival da torcida organizada Máfia Azul, organizada do Cruzeiro.

Importante lembrar também que, na quinta-feira (9), a Império Alviverde, em reunião com o Batalhão de Choque, alertou de todos os riscos deste jogo, tendo em vista a rivalidade entre as torcidas e a condição do estádio, com fácil acesso ao gramado e pouca segurança. A situação fica ainda mais evidente se levar em consideração que as duas equipes brigam pela fuga do rebaixamento.

“O fato ocorrido no sábado é o retrato original da falência do sistema de segurança pública, onde policiais militares ficam responsáveis pela segurança de um evento privado, apostando na repressão e a punição de camisas como método para acabar com a violência no futebol, ao invés da prevenção. Como se as torcidas organizadas fossem uma bolha à parte da sociedade, sendo somente ela violenta, o restante da sociedade não”, apontou Allyson Babú, membro da Torcida Organizada Império Alviverde.

As torcidas organizadas de Curitiba têm passado por um ajuste de conduta, a fim de adotar medidas de prevenção e combate à violência. Mas podemos contar com a atuação das forças de segurança pública do estado? O último episódio nos ensina que não. Para além da fragilidade do local do jogo, as forças de segurança do estado mantêm grande aversão às manifestações das torcidas organizadas, com excessivo uso da força contra torcedores de forma desproporcional. 

*Giovanna Viola é bacharel em Direito, comunicadora popular, militante do Movimento Feminista e do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Pesquisa sobre a resistência e luta das mulheres no futebol.

**Este é um texto de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Lia Bianchini