Paraná

Inclusão distante

Brasil bate recorde de registros de violação contra pessoas com deficiência em 2023

Secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência esteve em Curitiba discutindo promoção de políticas públicas

Curitiba (PR) |
Brasil registrou 51.743 casos de violação de direitos contra pessoas com deficiência até o 3º trimestre do ano - Reprodução MDHC

O Brasil teve aumento de 150% de relatos de abusos e violência contra pessoas com deficiência até o 3º trimestre deste ano, em comparação com dados do mesmo período de 2022. De acordo com o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, foram cerca de 51.743 casos de violação de direitos humanos.

Entre os principais tipos de desrespeitos e violações estão maus-tratos como abandono, tortura psíquica e insubsistência afetiva, e falta de assistência em relação a direitos sociais, como saúde e alimentação. Além desses registros, a ouvidoria teve acesso a casos como retenção de documentos e ameaças à liberdade de expressão e religiosa de pessoas com deficiência.

Em Curitiba, um evento na terça (31) debateu a situação dos direitos humanos e o acesso à cidadania para pessoas com deficiência. Participaram a secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, e entidades que trabalham com a pauta, como a Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu).

“A deficiência precisa ser reconhecida como um tema de interesse público coletivo, assim como a acessibilidade também, para que a cidade seja um espaço para que todos tenham direito de ir e vir, e mostrar que o lugar de pessoas com deficiência é onde elas quiserem'', disse Anna Paula Feminella.

A secretária nacional ainda afirmou que irá propor uma revisão em relação às mudanças na lei do auxílio inclusão, alterada durante o governo de Jair Bolsonaro, que reduziu de meio salário-mínimo para até um quarto de salário mínimo a renda mensal per capita máxima necessária para ter acesso ao BPC.

“Nós podemos propor e conversar sobre o tema com os parlamentares sobre a questão do auxílio inclusão, para que haja a melhoria da lei, e um aumento da empregabilidade, para que possamos prover dignidade para pessoas com deficiência”, pontuou.

Importância da educação

Radialista e membro da Unilehu, Henry Xavier é um dos poucos cronistas esportivos do país que é plantão esportivo e comentarista com deficiência visual. Considerado um dos melhores do Paraná em sua área, Xavier afirma que um dos principais desafios para que haja promoção de direitos humanos e igualdade de oportunidades é a construção de políticas públicas para uma educação inclusiva já na primeira infância.

“Eu acho que o principal ponto para que possamos eliminar o desrespeito é trabalhar com a educação, iniciar na primeira infância. Quando uma criança sem deficiência está em uma sala de aula com outras crianças que possuem alguma deficiência, ela adquire uma outra visão para o resto da vida. Existem muitas políticas públicas sendo feitas, mas a principal é a educação na primeira infância, para que possa virar algo cultural”, afirmou.

Ele ainda reflete que para que os governos possam desenvolver políticas que garantam direitos e a plena inserção desta população é preciso diálogo. “O principal para criarmos soluções para pessoas com deficiência é ouvir as pessoas com deficiência, para que possamos trabalhar em cima desta defesa dos direitos para que haja inclusão e políticas assertivas”, refletiu.

Edição: Lia Bianchini