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Jornada Agroecologia

Agroflorestas urbanas aliam alimentação saudável e geração de renda

Experiências no Paraná apostam no estreitamento da relação entre campo e cidade

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Mutirões de plantio e agroflorestas são exemplos em Curitiba e municípios vizinhos - Ednubia Ghisi

Produzir alimentos agroecológicos nas cidades, recuperar espaços abandonados ou degradados em áreas produtivas, oferecer alimentação saudável e gerar renda são alguns dos benefícios listados por aqueles que estão à frente de projetos de agroflorestas urbanas.

Exemplos demonstram que o impacto dessas experiências tem sido de extrema importância para as comunidades envolvidas. É o caso da Agrofloresta Papa Francisco, criada pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM), em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Vila Sabará, no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Segundo a Irmã Anete Giordani, gestora do Centro e idealizadora da Agrofloresta, a história da Agrofloresta Papa Francisco começa a partir de um terreno doado à entidade. A construção do espaço foi fruto de trabalho voluntário coletivo.

“No dia 1º de maio de 2021, fizemos todo o trabalho de limpeza do terreno, juntando todos os ferros, tijolos, pedras, restos de construção e o MST veio com os tratores para fazer o trabalho de organização daquele pedaço do terreno e lá já foram plantadas as mudas”, relembrou Irmã Anete.

Um mutirão de 50 pessoas voluntárias construiu o espaço a partir de 10.600 mudas de legumes, verduras e temperos, além de 200 mudas de árvores frutíferas e nativas plantadas em uma área de 3 mil metros.


Agrofloresta Papa Francisco, criada pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM) / Divulgação

“Estamos dentro de uma área de preservação ambiental, e lá nós teríamos muitas coisas para trabalhar: a questão do bioma, do planeta, do aquecimento global. É muito além da Agrofloresta. Quando ela foi criada, não foi só para produzir alface, cenoura, beterraba, repolho, brócolis. Foi para ser um disparador de toda uma formação para o cuidado com o meio ambiente e com a nossa terra”, conta Irmã Anete.

Ela cita que, atualmente, estão colhendo verduras, frutas e legumes que abastecem a comunidade e também geram renda para o Centro.

Mais de 450 pessoas, entre idosos, crianças e adolescentes são atendidos pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia, que possui quatro unidades na Vila Sabará. 

Relação entre campo e a cidade

Outro exemplo exitoso são os mutirões para criar espaços de agrofloresta nos meios urbanos coordenado pela Escola Latino-Americana de Agroecologia (ELAA). 
Fernando Rinaldi, integrante da coordenação da ELAA, explica que os mutirões surgiram a partir da experiência das Marmitas da Terra — ação de solidariedade liderada pelo MST durante a pandemia.

"Para além do preparo das marmitas com esse grupo de voluntários, que era um grupo bem diverso, com pessoas, professores aposentados, professores, organizações, comunidades urbanas, periféricas, que vinham contribuir na produção das marmitas, a gente também avaliou a importância de que se estreitasse mais essa relação entre campo e cidade”, explica.

A partir desse momento, conta Fernando, inicia-se um diálogo para pensar a estratégia de levar esses voluntários que haviam colocado a mão na massa no preparo das marmitas para fazer o trabalho de pôr a mão na terra e vivenciar todos os processos. Atualmente, a cada 15 dias, um grupo de pessoas trabalha de forma coletiva e voluntária do preparo de solo à produção de alimentos, passando pelo seu desenvolvimento, a limpeza, toda maneira que tem que ser feita até o preparo das marmitas.

Luísa Mainardes era estudante de jornalismo quando se voluntariou a participar dos Mutirões e diz que a experiência foi transformadora. “Normalmente, dividimos as funções de acordo com a experiência de cada um, separando os mais experientes daqueles que estão indo pela primeira vez. As demandas sempre são diferentes, mas fazemos principalmente o plantio, a manutenção e a colheita de vários alimentos, como couve, brócolis, escarola, repolho e outras plantações maiores, como feijão”, relata.

Edição: Lia Bianchini