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Garantir execução da Lei Paulo Gustavo e Política Nacional Aldir Blanc é crucial para cena local, diz nova coordenadora do MinC no Paraná

Produtora cultural e bacharel em dança, Loa Campos foi nomeada no dia 18 de outubro

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Loa Campos, coordenadora do Ministério da Cultura no Paraná. - Cido Marques

Pela primeira vez, o Ministério da Cultura (MinC) terá escritórios físicos e coordenadores em todos os estados brasileiros. A medida atende a uma demanda do presidente Lula de estruturação e fortalecimento do diálogo próximo às necessidades de cada localidade do país. As coordenações estaduais estão sob a liderança da Secretaria de Comitês de Cultura, na condução da secretária Roberta Martins. No Paraná, a nova coordenadora estadual é a produtora cultural e bacharel em dança Loa Campos, que foi nomeada no dia 18 de outubro.

Loa é formada em dança pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP-Unespar), integrou os Conselhos Municipal e Nacional de Cultura, é professora e recentemente atuou como gestora na Casa Hoffmann, da Fundação Cultural de Curitiba.

Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, ela destacou as prioridades da coordenação do MinC no estado.

Confira:

BdF-PR: Gostaria que você explicasse o que são essas novas coordenações estaduais e a função delas na estruturação das políticas culturais no país?

Loa: A partir de 27 escritórios, um em cada capital do país, o objetivo é poder ter a materialização das representações do Ministério da Cultura no estado, que significa uma parte muito importante em relação à estruturação do MinC como uma política de Estado. Um dos objetivos centrais é garantir que as iniciativas do MinC cheguem na ponta. Então, a gente tem aqui no Paraná 399 municípios e a prioridade para esse início é dialogar com todos eles. Outro ponto importante é que atende a uma demanda do presidente Lula, que é a estruturação do diálogo próximo das necessidades dos territórios.

A Secretaria que nos coordena também é nova, é a Secretaria de Comitês de Cultura, que irá implementar os Comitês de Cultura em todos os estados do país, além de promover a articulação federativa, coordenar e acompanhar o Conselho Nacional de Políticas Culturais e a implementação do Sistema Nacional de Cultura. E também, com os escritórios estaduais, estar em diálogo com gestores municipais, acompanhando, dando suporte, entendendo quais são as demandas, as dificuldades para garantir a execução das políticas culturais que o Ministério traz.

BDF-PR: Você já foi gestora e também militante da cultura, e sabe de todas as dificuldades já vividas para ter acesso às secretarias, ministérios tanto em âmbito local como federal. De que forma você acha que essa nova iniciativa vai impactar nos municípios e na efetivação das políticas públicas?

LOA: Vamos trabalhar para que seja um importante canal de informações, comunicação e suporte aos gestores. Os escritórios estaduais potencializarão trabalharmos com o compromisso quanto ao compartilhamento da informação, com uma dedicação de escuta e também de busca ativa, num sentido de estar perto e de acompanhar e de ir atrás mesmo.

E a possibilidade de conseguirmos ajudar municípios que, às vezes, têm pouca estrutura, equipes reduzidas a trazer essa informação também.

BDF-PR: Quais as prioridades já levantadas nesses primeiros dias de trabalho?

LOA: No Paraná, a atuação do escritório do Ministério da Cultura nesse primeiro período terá um engajamento junto aos gestores locais, parlamentares e organizações da sociedade civil. A prioridade imediata é garantir a execução da Lei Paulo Gustavo e a Política Nacional Aldir Blanc, este é um passo crucial para fomentar a cena cultural local e proporcionar a retomada do setor de forma robusta.

E em longo prazo, nosso papel transcende o acompanhamento e a implementação do Sistema Nacional, impulsionando a adesão dos municípios de maneira proativa, facilitando, assim, a criação de Planos Municipais de Cultura e a instauração de Conselhos de Cultura nos municípios que ainda não os tem, assim como fortalecer e apoiar a realização de Conferências de Cultura. São ações que vamos incentivar, contribuir e dar suporte para, de fato, essa implementação acontecer.

Nosso compromisso é oferecer o suporte necessário e contribuir de maneira decisiva para que a cultura no Paraná alcance novos patamares de excelência e representatividade, consolidando-se de forma integrada e sustentável no cenário nacional

BDF-PR: Gostaria que você nos contasse um pouco da sua caminhada na cultura e como você vê a oportunidade de contribuir com esse momento de retomada com o novo governo?

LOA: Sou bacharel em dança, e já na graduação eu identifiquei duas grandes paixões, que são a produção cultural e o lugar da participação social e da construção de políticas públicas. Então, já na graduação, quando estávamos em um momento de efervescência no debate do Sistema Nacional, de conferências, eu comecei a me aproximar desses ambientes, desses espaços, a participar das reuniões do sindicato, grupos de pesquisa, até de fato participar da Conferência Municipal. Destaco que, para mim, as Conferências foram sempre um lugar que me reconheci como cidadã, e entendi a olhar para os direitos culturais e processos participativos, que é o campo em que eu atuo. Depois participei dos Conselhos Municipais e Colegiado Nacional de Dança. 

Paralelo a isso, trabalhei como produtora na área de teatro, dança, literatura, cultura digital, depois segui como professora de produção e legislação cultural e nesse momento comecei a reconhecer que o meu interesse na administração pública era o de contribuir para além de artista, fazedora de cultura e produtora.

Então, para me aprofundar, comecei a me especializar nisso e agora estou finalizando uma especialização em gestão em projetos públicos. E, nos últimos cinco anos, eu estive como gestora e produtora da Casa Hoffman, Centro de Estudos do Movimento, que é um espaço dedicado à pesquisa em dança e espaço sede da coordenação de dança da Fundação Cultural.

 

 

Edição: Lia Bianchini