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Programas sociais com ou sem educação política e popular? Eis a questão

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A demanda é por aceleração da retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), iniciado ainda no primeiro governo Lula (2003) - Pedro Carrano
O próprio PAA chegou no Paraná a ser perseguido pelo então juiz e hoje senador Sergio Moro

No dia 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) puxou atividades nos estados e em Brasília, na sede e subsedes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab-PR).

A demanda é por aceleração da retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), iniciado ainda no primeiro governo Lula (2003). Mesmo que seja um programa social pouco citado em análises sobre programas sociais do governo, sua importância foi evidente, na medida em que garante mercado e financiamento para a agricultura familiar e cooperativas, a partir do Estado, e fornecimento para entidades sociais, associações de moradores e bairros periféricos.

Lembro que, em 2012, apenas em Curitiba, ao menos 25 áreas recebiam cesta de alimentos robusta. A grande questão ontem e, sobretudo agora, é como aliar esse programa com experiências de organização popular e educação política. O que é também desafio de outros programas, caso do Minha Casa Minha Vida Entidades.

Segundo um relatório da ONU publicado em julho, 70,3 milhões de pessoas estão em insegurança alimentar no Brasil. São 10 milhões de brasileiros desnutridos, herança pesada dos governos Temer e Bolsonaro. O próprio PAA chegou no Paraná a ser perseguido pelo então juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil), prendendo importantes gestores do programa.

Hoje, uma das novidades é o cadastramento de cozinhas comunitárias. Antes, no período de pandemia, apenas com o pix da sociedade e solidariedade do coletivo Marmitas da Terra e do MST, dos Redentoristas da Vila Torres, entre outros, cozinhas se mantiveram organizadas pelos movimentos urbanos, associações e sindicatos, na região do Formosa, no centro de Curitiba, na ocupação Britanite, entre outras experiências que se mantêm até agora.

Se o governo Lula garantir essa política pública, organizada pelos movimentos populares, com condições de um processo de formação, sem dúvida a cozinha comunitária é das experiências organizativas que mais acumularam em potencial organizativo. E que deveria se multiplicar, em cada esquina.

 

 

Edição: Lia Bianchini