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Qual foi a importância dos atos em defesa da Petrobrás e das greves do dia 3 de outubro?

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Ato teve início em frente à sede da Eletrobrás e terminou na Petrobras, na Avenida Chile, no centro do Rio - Elineudo Meira
O ato sinaliza para a classe trabalhadora independência e disposição para lutar

No dia 3 de outubro, quando a Petrobrás completou 70 anos de história, o Sindipetro Paraná e Santa Catarina, em parceria com o Sindiquímica-PR e Sindimont-PR, organizaram ato unificado ‘Petrobrás para o Brasil’, na frente da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), em Araucária. A demanda há quatro anos é pela reabertura de uma empresa que representa um ramo estratégico para o país.

A mobilização fez parte de ato nacional no Rio de Janeiro e ações também na Bahia, Alagoas, Rio Grande do Sul, entre outros estados. Em São Paulo, trabalhadores do saneamento, metroviários e ferroviários paralisaram em conjunto o projeto de privatizações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o serviços essenciais do estado.

Os servidores federais da educação foram convocados pelos sindicatos nacionais Sinasefe, Andes-SN e Fasubra, pautando também a defesa da Educação Pública e do serviço público.

Então, no geral, podemos dizer que o dia 3 de outubro formou um importante quadro de pressão da classe trabalhadora por seus direitos e contra as privatizações. Na pauta das organizações, também o pedido de reversão da privatização da Eletrobrás.

Em busca dos investimentos nacionais perdidos

Petroleiros e organizações parceiras, caso da Plataforma Operária e Camponesa de Energia, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), e diversos sindicatos do ramo de petróleo e energia, pedem um novo projeto nacional voltado para o desenvolvimento socioeconômico do país, impulsionado pela Petrobrás, que inclua a reabertura da Fafen Fertilizantes, com a reintegração dos cerca de 1000 trabalhadores demitidos da fábrica, bem como a reversão das privatizações de diversas unidades da companhia, fracionada também durante os governos de Temer e Bolsonaro.

O ato no Rio de Janeiro reuniu petroleiros de vários estados do país, junto a eletricitários, educadores, servidores públicos, metalúrgicos, bancários, agricultores, estudantes, lideranças políticas e sociais.

A jornada foi importante e pedagógica. Mesmo num momento de defensiva da classe trabalhadora no Brasil, devido aos ataques e da derrota estratégica a partir do golpe de 2016, setores combativos e organizados da vanguarda sindical e dos movimentos populares sinalizam necessidade de pressão. Este fator é importante para o próprio governo Lula não ficar aprisionado na chantagem e interesses do Centrão.

Além disso, o ato sinaliza para a classe trabalhadora independência e disposição para lutar por temas que são centrais, caso dos investimentos públicos e da luta contra as privatizações, casando pautas gerais com a necessidade de greves por questões imediatas. Ou seja, bandeiras que apontam um projeto de país e de soberania nacional, ao mesmo tempo que não deixam de dialogar com os interesses das massas populares.

O caminho é esse, fugindo a armadilha que já aprisionou a esquerda nos primeiros governos do PT, dividida muitas vezes entre a defesa intransigente do governo, ou mesmo a denúncia sem base material e desconsiderando a própria composição de forças no interior do governo.

A participação de organizações como MAB, MST, entre outras, na construção e costura das atividades aponta importante ponte necessária neste período entre a frente sindical e a frente popular, ambas bastante debilitadas ainda do último recente.

“O projeto de país que precisamos constituir passa pelo fortalecimento das empresas do povo brasileiro, mas também pela afirmação de um projeto de caráter popular para o setor energético e demais setores da economia e sociedade. Esse é um projeto com distribuição das riquezas e controle exercido pelos trabalhadores”, apontou avaliação do MAB sobre o dia 3.

Privatizações e entrega do patrimônio nacional a “preço de banana”

Durante o governo de Bolsonaro, 68 ativos estratégicos foram vendidos, incluindo a Usina do Xisto (SIX) em São Mateus do Sul (PR). Esse patrimônio público foi entregue por apenas US$ 41,6 milhões, o equivalente ao seu lucro de um ano da empresa.

Ao todo, nacionalmente, foram mais de R$ 290 bilhões em patrimônio privatizado. Em abril de 2013, a Petrobras tinha 94% de participação na produção de óleo e gás no país. Em abril deste ano, baixou esse percentual a 64%.

Nesse cenário, as petrolíferas estrangeiras avançaram no país até alcançarem 34,6% da produção no pré-sal, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Os desafios, como se vê, são imensos, pela recuperação da empresa e do país. De acordo com o Sindipetro PR/SC, em 2023, “a nova gestão da estatal anunciou o encerramento do plano de desinvestimentos do Sistema Petrobrás, mas o processo de reconstrução ainda é desafiador”. Isso porque, afinal, a companhia enfrentou, segundo eles, ataques severos desde o governo golpista de Temer (2016), passando por Bolsonaro (desde 2018).


 


 

Edição: Lia Bianchini