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Empoderamento

Mulheres em situação de vulnerabilidade se formam em curso voltado para construção civil

Ações de capacitação ocorreram pela Ambiens, em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil

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Por meio de oficinas, o projeto capacitou as mulheres para a execução de pequenos reparos e manutenção em suas próprias residências. - Foto: Ambiens Cooperativa

* com informações da Ambiens Cooperativa 

“A maior alegria que tive durante o projeto foi ver o banheiro da minha enteada sendo construído. Tudo novinho, bonito. E agora, ela, que está grávida, o marido e a filhinha não precisam mais sair no frio depois de tomarem banho na minha casa, como faziam porque não tinham banheiro em casa”, disse Josiane Cordeiro dos Santos, uma das formandas no projeto Morar Bem, que junto a outras colegas recebeu na sexta feira, 01/09, o certificado de conclusão do curso voltado para construção civil. O curso aconteceu com a participação de mulheres do bairro Madre, no município de Rio Branco do Sul. 

O bairro Madre tem um total de 159 moradias e abriga 608 moradores. A área é caracterizada por apresentar elevado grau de vulnerabilidade socioeconômica e de infraestrutura e estar sujeita a impactos severos ocasionados por desastres ambientais, como deslizamentos, desmoronamentos e incêndios, por exemplo. 

O projeto Morar Bem, promovido pela Ambiens Sociedade Cooperativa, que atua no desenvolvimento de trabalhos de planejamento territorial e com projetos de impacto socioambiental, em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e a prefeitura de Rio Branco do Sul teve como objetivo capacitar mulheres a desenvolver conhecimentos em construção civil para melhorar as condições das próprias moradias.

Por meio de oficinas, o projeto capacitou as mulheres para a execução de pequenos reparos e manutenção em suas próprias residências. Em alguns casos mais delicados, em que as moradias precisam de intervenções ainda maiores, algumas casas são reconstruídas, como é o caso da moradia de Gisele Aparecida Cordeiro de Almeida, de 38 anos, mãe de três filhos. Uma nova casa para ela e a família está sendo finalizada pela equipe do projeto. A casa onde moravam tinha menos de 18 m² e precisou ser reconstruída, em razão das urgentes necessidades que acumulava. “Minha filha está grávida e a minha netinha vai poder agora viver nesta casa, muito melhor, que foi feita pelas mãos de todas as pessoas que participaram deste projeto. Tem a mão de cada uma das minhas vizinhas aqui, e eu nunca vou me esquecer disso”, diz ela.

Gisele fez toda a instalação elétrica da casa da amiga do bairro.  “A gente aprende muito e se ajuda também. Este projeto é uma benção nas nossas vidas e veio para mostrar que nós mulheres não somos o sexo frágil. Somos capazes de fazer muita coisa!”, diz. 

Ao receber o certificado no evento de formatura Aderli Bueno de Faria, uma das participantes, disse que o projeto fortaleceu as mulheres.  “Aprendemos tudo do zero. Primeiro, a fazer medições, depois, a bater massa, assentar tijolos, colocar cerâmica. Hoje, eu sinto que sou capaz de fazer qualquer melhoria na minha casa, não preciso esperar ajuda de alguém, ou pagar por isso. Eu mesma posso fazer. Nos últimos dias, pintei toda a minha casa e ajudei na pintura da casa da vizinha. Como mulheres, estamos nos ajudando e nos apoiando muito aqui. E viramos amigas!”, conta.  


Por meio de oficinas, o projeto capacitou as mulheres para a execução de pequenos reparos e manutenção em suas próprias residências. / Ambiens

Mais dignidade

A área onde o projeto acontece é uma ocupação, mas que, na visão dos envolvidos no projeto, merece intervenções para mitigar os riscos a que as pessoas que vivem no local estão sujeitas. 

“O projeto busca oferecer um pouco mais de dignidade para pessoas que precisam ainda viver ali. Além disso, é muito motivador ver o fortalecimento de redes entre as pessoas do local e a união feminina que a iniciativa promove”, diz Adriane Nunes Ferreira, coordenadora do projeto e presidente da Ambiens. A expectativa é de que, além de capacitar as 16 mulheres que chegaram até o fim da formação, a iniciativa beneficie diretamente até 20 moradias e 72 pessoas.

Edição: Ana Carolina Caldas