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Como entender a invasão do MBL e os ataques na reitoria da UFPR?

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Bolsonaro naquela altura deixava de ser uma pessoa, Bolsonaro era um conjunto de ideias que ilustravam o fascismo de hoje - Giorgia Prates
Em 2016, o MBL mobilizou seguranças particulares e "bate paus" para intimidar e agredir estudantes

Durante as eleições presidenciais de 2022, movimentos populares apontavam que a derrota do bolsonarismo e do fascismo nas urnas seria uma das tarefas daquele momento.

Dizíamos "uma das" porque Bolsonaro naquela altura deixava de ser uma pessoa, Bolsonaro era um conjunto de ideias que ilustravam o neofascismo de hoje.

Para Armando Boito Jr. o fascismo é uma forma de o Estado capitalista organizar as hierarquias entre as diferentes frações de classes. Vem acompanhado de um movimento social, com alinhamento ideológico que legitima as ações autoritárias de um determinado governo.

No entanto, o fascismo e o bolsonarismo só se tornaram uma possibilidade a partir da crise do capitalismo monopolista (que concentra o poder político e econômico nas mãos dos EUA), gerando a necessidade de implementar uma política de maior austeridade, de privatizações, de exploração e expropriação de países como o Brasil.

Ou seja, para recuperar a economia e o poder de influência estadunidense, foi preciso potencializar a violência nos países dependentes.

Dizendo tudo isso, pra afirmar que o bolsonarismo foi gerado através de um processo estrutural profundo e que não será através de eleições que ele terá seu fim. Dentro da Universidade Federal do Paraná (UFPR), só neste ano (2023) tivemos várias manifestações de cunho machista, LGBTIfóbico, racista e nazista rabiscadas nas paredes dos prédios, por exemplo.

Só que não foi só o bolsonarismo que foi gerado pelas crises do capitalismo. O Movimento Brasil Livre (MBL) nasce em 2014, após uma crise econômica profunda sofrida em 2008.

O movimento é vinculado a uma rede chamada Atlas Network, que atua internacionalmente na organização, na capacitação e no financiamento de movimentos e institutos conservadores. Se apresentam a partir da ideia de “nova direita”, vinculada aos irmãos Koch, empresários da área petroleira que financiam ações conservadoras em todo o mundo.

Na semana anterior o MBL invadiu o Centro Acadêmico de História da UFPR, com câmeras nas mãos e spray de pimenta. Em nota, a universidade mostra um membro do movimento dando um soco no estômago de uma das trabalhadoras da universidade ao ser questionado, e provoca estudantes gritando que a universidade é "lugar de vagabundo".

Vale recordar que, no episódio de 2016 de ocupação de mais de 900 escolas no Paraná, contra a proposta de novo ensino médio do governo golpista de Temer, o MBL mobilizou seguranças particulares e "bate paus" para intimidar e agredir estudantes. Disfarçados que disputavam "ideias liberais", no fundo já flertavam com as práticas fascistas.

Não é por acaso que esse grupos atacam as universidades publicas, visto que foi um espaço fundamental na disputa de ideias no último período, na consolidação da ciência e do pensamento crítico. Além disso, a ciência é um instrumento fundamental para a construção da soberania nacional e do socialismo.

Ruy Mauro Marini dizia que a universidade é também um espaço onde as forças sociais atuam, portanto é onde os comprometidos/as com a revolução brasileira devem estar: criticando o sistema capitalista, que age de forma violenta e autoritária como os grupos mencionados; e contribuindo de maneira ativa e criativa na construção de ações políticas revolucionárias.
 

Edição: Pedro Carrano