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O que está em jogo na Copa do Mundo Feminina

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No mundo, a modalidade começou a ser encarada de forma mais profissional em 1988, com a realização de forma experimental do primeiro torneio mundial, na China, envolvendo 12 seleções - Julio Silva
O futebol feminino chegou a ser inclusive proibido por lei duas vezes no Brasil (1941 e 1965)

A Copa do Mundo Feminina está chamando a atenção pela grandeza típica de um torneio mundial, mas nem sempre foi assim, no Brasil principalmente. Os primeiros relatos de partidas de futebol feminino do país ocorreram nos anos de 1920. Na época, as mulheres que queriam jogar bola eram tratadas como um show de circo, com os jogos ocorrendo embaixo de lonas, anunciados como uma atração incomum e extraordinária.

O futebol feminino chegou a ser inclusive proibido por lei duas vezes no Brasil (1941 e 1965). Em 1941, o Decreto-Lei no 3199 - Art. 154 definia que "mulheres não deveriam praticar esportes que não fossem adequados à sua natureza". Um jornal da época explicava: "As mulheres têm ossos mais frágeis, menor massa muscular, bacia oblíqua, tronco mais longo e por isso mesmo menos resistente, centro de gravidade mais baixo, coração menor, menor número de glóbulos vermelhos, respiração menos apropriada a esportes pesados, menor resistência nervosa e de adaptação orgânica".

Foi só em 1979 que o futebol feminino deixou de ser proibido no país, sendo regulamentado em 1983. No mundo, a modalidade começou a ser encarada de forma mais profissional em 1988, com a realização de forma experimental do primeiro torneio mundial, na China, envolvendo 12 seleções.

Hoje, quando vemos nossas jogadoras defendendo a amarelinha em mais uma Copa do Mundo, parecemos esquecer a história de dificuldades que gerações de mulheres enfrentaram para estar ali. Barreiras como o desrespeito, preconceito e desconfiança estiveram e ainda estão presentes no caminho das nossas jogadoras, mas também no de todas as mulheres.

Estamos em 2023, mas no futebol ou na sociedade, ainda não vivemos em pé de igualdade com os homens. Já tivemos que reivindicar o direito de estudar, de trabalhar e de votar. Até hoje estamos em busca de direitos básicos. E ver nossa Rainha Marta nos campos, sem receber o mesmo reconhecimento que jogadores do time masculino, mesmo sendo a única escolhida por 6 vezes como a melhor jogadora do mundo, é um lembrete dessa luta.

Se o futebol é igual à vida, com sua parcela de encanto e de injustiça, que possamos ver nesta Copa do Mundo a inspiração para transformar as injustiças da sociedade num campo de igualdade para todos.

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Edição: Pedro Carrano