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Boletim O Sul do Mundo (46): Otan segue esticando a corda

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Movimentações populares têm acontecido diante do ministério público e nas ruas do país. - Movimento Semilla
Na Guatemala, desde já, a crise está instalada, após o primeiro turno das eleições

A cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), realizada nos dias 11 e 12 de julho em Vilnius, capital da Lituânia, esticou a corda ainda mais entre o governo dos EUA e o governo russo. Moscou deixou evidente que a entrada da Ucrânia na OTAN seria “uma ameaça” que exige "uma resposta compreensível e firme”.

A entrada da Ucrânia para a organização, porém, demanda aprovação unânime dos países integrantes. Além disso, a cúpula não fixou um calendário para a entrada da Ucrânia. No entanto, a OTAN prometeu seguir apoiando diretamente o governo ucraniano. O discurso é de investir na guerra permanente contra o país do Leste:

“Acordamos um pacote para fortalecer a #Ucrânia e fornecer um caminho claro para a #NATO. Também aprovamos nossos planos de defesa mais abrangentes desde a Guerra Fria, apoiados por um compromisso duradouro de investir mais em defesa”, afirmou no Twitter o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Para o sociólogo José Antonio Egido, analista basco, em entrevista concedida à Telesur, a entrada de Ucrânia na OTAN significaria uma guerra direta entre OTAN e Rússia, podendo gerar um holocausto nuclear. No mesmo programa de entrevistas, analistas consideram que a OTAN tem como objetivo urgente seguir municiando a guerra e impedindo possível fortalecimento do bloco Rússia e China. Com isso, os EUA reforçam o indicativo de sua crise de hegemonia, o que torna a OTAN ainda mais perigosa neste momento.


Colômbia e a retomada estratégica


O presidente Lula discursou, no dia 8, no encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, na cidade de Letícia, na Colômbia. O evento foi organizado pelo governo colombiano, do presidente Gustavo Petro. O encontro incluiu a criação de um Fórum de Cidades Amazônicas e um Parlamento Amazônico.

Essa e outras notícias mostram importante reposicionamento da Colômbia no continente, após cerca de quatro décadas como correia de transmissão direta das políticas vindas do governo dos EUA.

O governo de Petro fortalece possibilidades de parcerias tanto com os vizinhos Brasil, como com a Venezuela – numa mudança importante na geopolítica da região. 

Nesse sentido, representantes dos 32 países membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) elegeram por unanimidade a Colômbia para assumir a presidência da entidade pela primeira vez em 2025.

Cuba e Alba criticando os limites da Selac

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, denunciou durante a semana a "falta de transparência e comportamento manipulador" da União Europeia na preparação da III Cúpula Celac - União Européia, "que põe em sério risco o sucesso da reunião".

O Brasil terá papel decisivo no encontro, depois de ausência de negociações entre os dois blocos desde 2015. O presidente Lula afirmou: “Teremos o encontro da América Latina com a UE, que é extremamente importante, pois pode ser o pilar para construir o acordo tão sonhado entre o Mercosul e a UE, algo que tem sido buscado há décadas".

Já a chancelaria da Venezuela apoiou as queixas do chanceler cubano e afirmou que “a decisão da UE de impor seu próprio formato” à cúpula “ameaça levar ao fracasso os esforços realizados para sua organização”.

Golpe eleitoral na Guatemala

O cenário do próximo período para a América Latina é de eleições turbulentas, no Equador, em 20 de agosto, e com as primárias da oposição venezuelana para o dia 22 de outubro.

Na Guatemala, desde já, a crise está instalada, após o primeiro turno das eleições, quando um dos candidatos ao segundo turno está sendo suspensa pelo poder Judiciário no país.

O primeiro turno das eleições guatemaltecas teve a participação de 19 candidatos presidenciais de direita entre um total de 22. Duas candidaturas de centro chegaram ao segundo turno. Porém uma delas, do partido Semilla, de Bernardo Arévalo, agora luta pelo direito de constar no segundo turno. A própria adversária, Sandra Torres, do partido Unidade Nacional de Esperança, paralisou a campanha até que a situação seja definida.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) validou, após 18 dias, os resultados do primeiro turno eleitoral. No entanto, de forma simultânea, a Sétima Vara Criminal ordenou a suspensão da personalidade jurídica do partido Movimiento Semilla e a inabilitação de seus candidatos pelos supostos crimes de falsificação de assinaturas e lavagem de dinheiro.

Movimentações populares têm acontecido diante do ministério público e nas ruas do país.

 

 

Edição: Lucas Botelho