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Integração

Reitora da Unila defende criação de moeda única para comércio sul-americano

Diana Araújo disse que medida é fundamental para consolidar autonomia regional e emancipação do continente

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Com presença de Lula, nova reitora da Unila é empossada - Rafael Kondlatsch_Itaipu Binacional

O protagonismo da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila) para a criação de uma moeda única que atenda ao comércio sul-americano foi destaque durante cerimônia de posse da professora Diana Araújo como nova reitora da instituição de ensino.
Realizada na tarde da terça (4), próxima ao portão de entrada da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a solenidade contou com a presença do presidente Lula e foi marcada pelo resgate histórico sobre o papel da universidade para o desenvolvimento social, cultural e econômico, não apenas de Foz do Iguaçu, mas de toda América Latina e Caribe.
“Recordo que na aula inaugural de 2010, o então ministro da Educação, Fernando Haddad, nos trouxe uma expectativa formidável: a criação de uma moeda única para o comércio sul-americano. Eu gostaria de poder dizer ao atual ministro da Educação, Camilo Santana, que no final do nosso mandato haveremos de ter contribuído para a criação dessa moeda, que viabilizaria muito mais que transações comerciais, mas contribuiria para a autonomia regional e emancipação do nosso continente", declarou a reitora recém empossada.
Docente da Unila desde o ano de sua fundação, em 2010, Diana Araújo emocionou o público presente, estimado em cerca de 2.500 pessoas, ao exaltar a importância da soberania do país frente aos desafios geopolíticos contemporâneos.
"Somos capazes de pensar a partir do chão que pisamos, da nossa terra vermelha, indígena, negra e migrante. Somos capazes de exercitar a soberania que nos é devida, e sem uma política de desenvolvimento comum para o continente, não pode haver soberania. Essa política de desenvolvimento comum é a integração regional. A Unila é uma universidade brasileira com uma missão que a torna única no cenário nacional", reforçou Diana ao ser aclamada pela plateia formada em sua maioria por estudantes.
Conforme anunciado durante o evento, na retomada da obra de construção da sede própria da Unila, serão investidos R$ 600 milhões financiados pela Itaipu Binacional. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de três anos. O campus da universidade é o último projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, falecido em dezembro de 2012. 
Para o presidente Lula, a Unila representa a revolução que ele espera para toda América Latina. "Uma América Latina politizada. Afinal, por que aqui na América do Sul os países são todos pobres? Porque alguém não deixa. Alguém fica com uma parcela da riqueza que é nossa. Sempre foi assim. Precisamos do espírito de nação. Acreditar que esse país pode dar certo. Quero ver essa universidade pronta até o final do meu mandato", determinou Lula diretamente ao ministro da Educação, Camilo Santana.

Unila contra o negacionismo
Ao discursar durante o evento, o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD), compartilhou com o presidente Lula e demais convidados a importância da Unila durante o período de pandemia. Segundo o chefe do Executivo municipal, a universidade transformou mentes, corações e a vida da tríplice fronteira.
"Gostaria de compartilhar com todos que, em 2020, quando a pandemia avançou em todo o mundo, quando éramos obrigados a enfrentar o discurso de ódio que tentava demonstrar que o combate ao vírus seria por meio de cloroquina, nesse momento se formou a primeira turma de medicina da Unila. E foram esses estudantes recém-formados que foram para a linha de frente enfrentar o vírus e salvar a vida de milhares de pessoas em Foz. Obrigado, Unila, obrigado, presidente Lula", reconheceu o prefeito.
Conforme publicado pelo Brasil de Fato em fevereiro de 2022, a distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada para tratamento contra o Covid-19 foi financiada por empresários ligados de Foz do Iguaçu. Após arrecadarem R$ 878 mil para promoção do famigerado "kit covid", a ação paralela realizou mais de 4 mil consultas e entregou medicamentos ineficazes para cerca de 3 mil pessoas. O impacto da distribuição desses medicamentos na rede pública de saúde de Foz do Iguaçu até o momento não foi averiguado.
 

Edição: Frédi Vasconcelos