Paraná

TAXA DE JUROS

Mercadante defende queda dos juros e prioridade para a reindustrialização

Garantiu que o BNDES voltará a ser o banco da indústria, da infraestrutura e dos demais setores estratégicos do país

Curitiba (PR) |
Na sua avaliação, o setor automotivo no Brasil, que é estratégico para geração de empregos, tem que ser incentivado - AFP

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu a retomada da reindustrialização no Brasil  e a redução da taxa básica de juros para o bem-estar social, nesta segunda-feira (5), durante seminário em parceira com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

“Precisamos de uma taxa de juros que seja competitiva no cenário internacional. Hoje temos a maior taxa de juros da economia mundial. Precisamos de mais flexibilidade”, disse Mercadante ao fazer críticas à decisão do Banco Central (BC) em manter alta taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, o que tem prejudicado o investimento em capital produtivo no país.

Para Mercadante, o Brasil, que já teve na década de 1980 uma indústria mais forte que a da China e a da Coreia, perdeu sua competitividade ao longo das últimas décadas pela falta de um “projeto nacional de desenvolvimento, projetos estruturantes, transformadores, portadores de futuro, de uma relação estável de mercado e de bem-estar social”.

Em seu discurso, Mercadante garantiu que o BNDES voltará a ser o banco da indústria, da infraestrutura e dos demais setores estratégicos do país. Ele defendeu a retomada de concessões de subsídios para a indústria brasileira e criticou a  tentativa de setores atrasados em boicotar a retomada da reindustrialização no país.

“É só olhar o tamanho dos subsídios que Estados Unidos e União Europeia estão dando à sua indústria. É uma política explícita. E aqui temos uma tentativa recorrente de intimidar a política industrial”, continuou. “O BNDES não vai se intimidar, vai voltar a ser um banco industrializante”, disse.

De acordo com Mercadante, enquanto os EUA voltam a ser um Estado industrializador, com subsídios a setores estratégicos, destinando US$ 7 mil por carro elétrico fabricado, “no Brasil herdamos isenção fiscal para o carro importado. Qual é a chance de fazermos a transição da nossa indústria automotiva?”, questionou Mercadante.

Na  sua avaliação, o setor automotivo no Brasil, que é estratégico para geração de empregos, tem que ser incentivado, mas a partir de um olhar mais sustentável. Na semana passada, ele citou que o BNDES vai apoiar a fabricação de ônibus a gás e elétricos.

Em coletiva à imprensa, Aloizio Mercadante também afirmou que o BNDES está seguro com relação a uma possível repactuação sobre a antecipação da devolução do aporte financeiro feito pelo Tesouro ao banco público. 

“O banco já pagou R$ 270 bilhões a mais do que recebeu de subsídios. A antecipação de pagamento era vedada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ela veda que o controlador exija antecipação de financiamento que foi feito de prazo longo”, explicou Mercadante. “Estamos seguros de que vamos repactuar a exigência sem interferir no superávit primário. Estamos confiantes que vamos superar essa etapa”, acrescentou.

Fonte: Movimento em Defesa da Soberania Nacional

Edição: Pedro Carrano