Paraná

VIOLÊNCIA SEXUAL

Londrina: crimes sexuais crescem 12% em 2022, indica Secretaria da Segurança Pública

Paraná registrou 4.072 casos de violência sexual contra mulheres maiores de 18 anos

Londrina (PR) |
Para a Rede de Enfrentamento, a violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública - Créditos: Paulo Pinto/ AGPT

do Portal Verdade

 

Entre janeiro de 2022 a fevereiro de 2023, ou seja, em um pouco mais de um ano, o Paraná registrou 4.072 casos de violência sexual contra mulheres maiores de 18 anos. O número corresponde a aproximadamente 76 crimes contra a dignidade sexual de mulheres (estupro, assédio, importunação) por semana ou 10 ocorrências por dia. Os dados foram disponibilizados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SESP-PR) a pedido do jornal Plural.

No mesmo período, foram identificadas 2.181 ocorrências motivadas por violência sexual contra mulheres entre 18 e 30 anos no estado. Já com vítimas entre 31 e 60 anos, foram realizados 1.776 boletins. Entre mulheres na faixa etária de 61 e 93 anos, foram notificadas 115 denúncias.

A maioria das vítimas são mulheres brancas (2.575). Na sequência, aparecem mulheres negras (1.081) e de origem amarela (28). Contudo, o pertencimento étnico-racial da vítima não foi informado em 388 casos. Só nos dois primeiros meses de 2023, foram contabilizados 1.651 crimes de abuso sexual no Paraná. O índice representa crescimento de 10% em comparação a 2022, quando foram registradas 1.495 queixas.

Os casos de violência sexual estão aumentando desde 2020 no estado. Naquele ano, 7.956 notificações chegaram ao conhecimento dos poderes públicos. Em 2021 e 2022, o número saltou para 8.892 e 9.876, respectivamente.

Londrina

No decorrer de 2021, foram comunicados 490 crimes contra dignidade sexual em Londrina. Já em 2022, foram registradas 552 ocorrências de violência sexual na cidade, ou seja, 62 casos a mais do que o ano anterior, representando crescimento de 12%.

Cristina Fibe, jornalista, com experiência na cobertura das violências de gênero, pontua que a cultura do estupro está envolta em toda a sociedade e sustenta violências diversas de gênero desde situações consideradas mais brandas como insinuações até outras mais graves como agressões, abusos sexuais e feminicídios.

“Permeia desde a maneira de como a gente é educado, a socialização de gênero, qual é o papel dos homens e qual é o papel das mulheres na sociedade. E isso vai entranhando de tal maneira que até uma mulher em situação de parto está correndo o risco de ser violentada por um médico que deveria estar zelando pela vida dela diante de uma equipe. Esse destemor do homem de achar que pode ser dono do corpo da mulher, não se trata de desejo sexual, mas de demonstração de poder. Há a banalização do corpo da mulher que o homem usa como quer e que vai terminar em feminicídio em última instância, por isso, que a piada machista não é tolerada, ela é a base”, afirma.

Segundo Fibe, é urgente que os homens se envolvam no combate às violências de gênero. “Nossa grande dificuldade é falar com os homens, que eles entendam e entrem nessa batalha porque se eles continuarem se comportando da maneira como se comportam a gente vai continuar sendo estuprada e assassinada”, adverte. Para ela, devido ao fortalecimento dos movimentos feministas no Brasil e em outras partes do mundo, as mulheres estão identificando as violências de que são vítimas e denunciando mais. “Nós estamos falando ‘basta, não dá mais’, reforça.

Edição: Pedro Carrano