Uma pergunta: quantas vezes pessoas brancas são abordadas em voo comercial? São chamadas pessoalmente e têm que retirar-se do avião? Têm suas mochilas vasculhadas e sofrem revista pessoal por parte de agentes da Polícia Federal? Mais que isso: quantas vezes esse procedimento acontece com parlamentares? E com pessoas negras?
Hoje (10), durante volta de Londrina (PR), em voo com poucos passageiros, o deputado estadual Renato Freitas (PT), advogado e militante do movimento negro, passou por um episódio classificado por ele como humilhante. Freitas teve que retirar-se do avião e se submeter à revista pessoal. Antes, teve suas coisas reviradas dentro de sua mochila.
Sujeito a diversos episódios de violência policial, racismo e tentativa de cassação de mandato na Câmara de Curitiba, quando ainda era vereador, o atual procedimento sobre Freitas gera, no mínimo, estranhamento e suspeita de ação racista.
A ação é justificada como aleatória, de acordo com procedimento de inspeção de passageiros em aeroportos, segundo a resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – método que já passou por questionamento em projeto na própria Câmara dos Deputados.
Após a revista, embora outros passageiros tenham minimizado a cena, dizendo que “todo mundo passa por essa situação”, Freitas revelou que a situação era constrangedora. “Tudo certo? Tirando o fato de ser humilhado. Todo mundo passa por isso? Quantas pessoas desse voo saíram no meio do voo escoltadas pela Polícia Federal?”, questionou o deputado.
Edição: Pedro Carrano