Paraná

PRIMEIRO DE MAIO

Primeiro de Maio pauta despejo zero, moradia e trabalho em Curitiba e região

Na área de ocupação Britanite, pastorais e movimentos populares se unem por melhores condições de vida

Curitiba (PR) |
Rompendo o cerco da violência policial e risco de despejo, a Britanite reivindica o direito ao futuro - Pedro Carrano

Uma mobilização popular seguida de celebração ecumênica marca o Primeiro de Maio deste ano, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Em Curitiba, o local que deve receber a manifestação é a ocupação Britanite, no bairro Tatuquara, na segunda-feira (1). No Paraná, há ato previsto também em Maringá.

O movimento é organizado pelas pastorais socias da Arquidiocese de Curitiba, movimentos populares urbanos, articulados na campanha Despejo Zero, ao lado de sindicatos integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

O tema dessa jornada de luta está centrado nos três “Ts” orientandos pelo Papa Francisco como direitos humanos fundamentais: Trabalho, Teto e Terra. Com isso, os movimentos apontam a palavra de ordem: “Lutemos por nosso Direito ao Trabalho e por Trabalho com Direitos”, como está na cartilha publicada pela Pastoral Operária.

“Esse Primeiro de Maio será marcado pela luta por trabalho e moradia. Por isso, o ato na Ocupação Britanite será um clamor para que não tenhamos despejos e que o direito de moradia seja uma realidade em Curitiba”, aponta o padre Redentorista Joaquim Parron, que atua em várias comunidades de Curitiba e no entidade SOS Vila Torres.


“Não vão nos esmagar. A comunidade está unida, com muita vontade de trabalhar e avançar" / Pedro Carrano

Risco de Despejo Forçado

Hoje centenas de famílias são ameaçadas por despejos em Curitiba e região, em cerca de doze áreas de ocupação recentes. De forma iminente, há o risco para ocupações como a Tiradentes 2, Jardim Independência (SJ Pinhais), Santos Andrade, entre outras.

A Britanite é uma delas. Em área abandonada há décadas e ocupada em dezembro de 2020, abriga hoje 407 famílias, em local abandonado de antiga fábrica com ligação com a construtora CR Almeida.

Por um lado, a Britanite é foco de intensa vida comunitária, com atividades sociais, cozinha comunitária diária e apoio da sociedade civil. Por outro lado, a comunidade sofre duas graves ameaças: a primeira é a da opressão policial, com a Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) fazendo constantes incursões pela área, entrando em casas sem autorização e constrangendo moradores.

A outra violência é a própria incerteza do risco de despejo forçado. Isso fez com que a comunidade, ao lado de movimentos populares parceiros, criasse a Campanha “A Britanite quer um futuro. A Britanite quer paz. A Britanite quer ficar”, mandando o recado de que o que está em é o futuro de 190 crianças da comunidade.

“Não vão nos esmagar. A comunidade está unida, com muita vontade de trabalhar e avançar. A marcha do Primeiro de Maio aponta essa vontade de seguirmos em frente”, afirmou Hemerson Moreira, da coordenação da Britanite.

De acordo com o mapeamento da coordenação da Britanite, no começo do ano, 36 jovens estavam sem vagas na rede estadual e 22 crianças aguardavam vaga na rede municipal. A comunidade exige uma perspectiva de vida para elas.

A Promotoria das Comunidades do Ministério Público, na figura do promotor Régis Vicente Sartori, tem acompanhado as principais demandas cotidianas da ocupação, que passam por ter uma vazão para as cheias, o acesso das crianças às escolas municipais e estaduais, a documentação de migrantes, e o acesso à saúde pública de qualidade, entre outros pontos.

Solidariedade do MST

Uma estimativa de três toneladas de doação de alimentos está prevista para ser entregue no Primeiro de Maio, reforçando as ações de solidariedade do MST, com alimentos entregues pelas áreas da reforma agrária.

Roberto Baggio, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, aponta que, em todo o país, o tom do Primeiro de Maio é de reconstrução do país e retomada de direitos perdidos com as medidas dos governos Temer e Bolsonaro (2016 a 2023).

A luta por regularização fundiária, o acesso à terra e moradia se inserem nesse contexto: “O Primeiro de Maio na Britanite fortalece a luta pela regularização da área. Neste sentido, a articulação Despejo Zero é parte atuante desse processo no sentido de nós seguirmos essa luta: para o campo, pedaço de terra e para as famílias a moradia. E este ano tem sabor de solidariedade camponesa, que vai seguir essa grande política de partilha de alimentos”, aponta o dirigente.

Programação

8h. Concentração e café das comunidades

9h. Início do Ato Ecumênico – moradia é direito!

9:30. Início da Caminhada de luta

11h. Palavra de Luta

12h. Bênção e distribuição dos alimentos do MST

Endereço

Ocupação Britanite, Rua Antonio Zanon, 190, diante do condomínio Aquarela - Tatuquara, Curitiba.

Ônibus disponível com saída às 8h da Praça Santos Andrade, gratuito, com ida e volta da comunidade. Contato: 43 99134-1826 (Fernan)


Áreas como Tiradentes 2, Jardim Independência (SJ Pinhais), Santos Andrade também sofrem risco iminente de despejo / Pedro Carrano

Edição: Frédi Vasconcelos