Paraná

330 ANOS DE CURITIBA

EDITORIAL 294. A Curitiba popular é a que cantamos!

O passado têm cheiro ao saudosismo de algo que pouco existiu e já não se sustenta. Cantamos a Curitiba de luta

Curitiba (PR) |
A máfia da especulação imobiliária, das empreiteiras e construtoras, impede uma cidade democrática - Giorgia Prates

Nos anos 90, as gestões municipais, sobretudo na figura de Jaime Lerner e do próprio Rafael Greca, geraram inovações urbanísticas reconhecidas no plano mundial. Ao mesmo tempo, deixaram como legado e estruturam, ainda nos anos 70, uma cidade segregacionista, na qual a geografia recebia plenamente a divisão de classes da sociedade, gerando uma cidade "A" e uma cidade "B". Uma cidade central de valorização e outra onde os serviços públicos estão distantes das classes populares.

Com isso, o aniversário de 330 anos de uma das capitais mais ricas do Brasil exige reflexão sobre as principais máfias, grupos empresarias e familiares que impedem a capital paranaense de seguir se desenvolvendo.

Grandes grupos dominam, por exemplo, o tratamento do lixo em aterros sanitários – caso do grupo Essencis/Solví e Estre, donos dos dois maiores aterros sanitários -, causando riscos ambientais, sanitários e sociais.

O transporte público, oligopólio com predomínio da família Gulin, recebe grandes incentivos do município, enquanto o povo trabalhador é pressionado por uma tarifa de R$ 6 reais!

A máfia da especulação imobiliária, das empreiteiras e construtoras, impede uma cidade democrática. O déficit habitacional de Curitiba é 50 mil moradias. Ao mesmo tempo, são 47 mil imóveis vazios e 2.500 lotes vagos na capital, que poderiam servir para moradia popular.

Nesses 330 anos valorizamos a Curitiba que luta: das lutas da Casa de Passagem Indígena, do movimento negro que tem ocupado espaços na Câmara Municipal, das lutas dos sindicatos de trabalhadores e servidores, das lutas por moradia que se fortalecem com a articulação Despejo Zero, das lutas contra o conservadorismo, o racismo, a lgbtfobia, que encontraram expressão nacional, por exemplo, na grande expressão da Vigília Lula Livre, fazendo de Curitiba também a capital da resistência.

Essa é a Curitiba que nós cantamos! É a Curitiba que aponta as verdadeiras transformações. O passado têm cheiro ao saudosismo de algo que pouco existiu e já não se sustenta.

O futuro têm sabor de urgência e necessidade.


Visão de trecho de ocupação no bairro Parolin, incediada devido à ausência de moradia digna e regularização fundiária / Giorgia Prates

Edição: Frédi Vasconcelos