Em meados da década de 60, Sosa começou a incorporar letras mais políticas e engajadas em sua música

A cantora argentina Mercedes Sosa é amplamente considerada uma das mais importantes artistas da América Latina, especialmente em relação à música folk e protesto.

Com uma carreira que se estendeu por mais de cinco décadas, Sosa se tornou uma figura emblemática para muitos latino-americanos, representando a luta por liberdade, justiça e igualdade na região.

Além disso, sua música e ativismo também foram influentes na luta pela reforma agrária, um movimento que buscava redistribuir terras da oligarquia para as comunidades camponesas, indígenas e de pequenos produtores.

Nascida em 1935, em Tucumán, Argentina, Mercedes Sosa começou a cantar aos 15 anos, após ser descoberta por um cantor local. Logo ela começou a se destacar no cenário musical argentino, aparecendo em programas de rádio e televisão e se apresentando em casas de show e teatros ao redor do país.

Em meados da década de 60, Sosa começou a incorporar letras mais políticas e engajadas em sua música, falando sobre questões sociais e políticas relevantes na América Latina, incluindo a reforma agrária.

De maneira pública, denunciava as violações aos direitos humanos ocorridas no país. Ainda assim, ela continuou a se apresentar e a cantar, apesar da perseguição e da censura imposta pelo regime. Um exemplo desse momento é a letra de Armando Tejada Gomez incorporada na voz da cantora que recita:

“Canta comigo, canta
Irmão americano
Liberte tua esperança
Com um grito na voz!”

Sua música e ativismo a tornaram uma figura querida e respeitada na América Latina e em todo o mundo. Ao longo de sua carreira, Sosa lançou mais de 20 álbuns, alguns dos quais foram reconhecidos com premiações internacionais.

Em 2009, a cantora faleceu devido a complicações de um infarto, abandonando uma vasta obra musical e um legado político e social. Sua música continua a ser ouvida e apreciada até hoje, e ela é lembrada como uma das mais importantes artistas da América Latina.

Sosa, por si, representa muitos povos, os latinos, os ameríndios, os camponeses, dentre outros. Foi uma voz extremamente importante para a América Latina, e pode nos dizer muito do momento em que vivemos hoje no Brasil, pois, apesar de tudo, a nossa luta por reforma agrária, por exemplo, se mantém, e mais forte do que nunca, pois agora ela engloba além da distribuição de terras também a produção de alimentos saudáveis, e sem tóxicos de qualquer origem.

E, já dizia Ariel Petrocelli e Daniel Toro, na voz de Sosa, que quando se tem a terra, terão ela “os que lutam, os professores, os lenhadores, os trabalhadores”. E para quem não sabe, quando a cantora apresentou essa música ao público durante a ditadura em 1978 ela foi presa com todos os 350 ouvintes dela, e a motivação se deu pura e absolutamente por cantar a reivindicação dos camponeses e da população da Argentina.

A Mercedes Sosa tem muito a ensinar para o Brasil. Sua voz é atemporal, as canções que ela dominou e cantou são atemporais. Os problemas sociais e desiguais da América Latina permanecem os mesmos, seja pela terra, seja pela liberdade, seja pela coletividade, seja pelo bem comum.

A Mercedes tem muito a nos ensinar, concordam?

Edição: Pedro Carrano