Organizações do movimento negro, coletivos, mandatos, secretarias de igualdade racial de sindicatos, entre outros, têm se organizado a partir da agressão racista sofrida pelo músico negro Odivaldo Carlos da Silva, o Neno, atacado, no dia 22, com cão e cacetete por Paulo Cezar Bezerro da Silva, armado também de faca, morador do centro, que repetiu novo ataque racista dias depois.
Às 14 horas de hoje está agendado um ato político na frente do 1° Distrito Policial, na rua André de Barros, 671, uma vez que está agendado possível depoimento de Paulo Cezar Bezerro da Silva.
Ontem (28), as organizações haviam se encontrado no mesmo local, uma vez que o músico havia comparecido para um segundo depoimento. Desta vez, para enquadramento da ação neonazista de Paulo Cezar como crime de injúria racial.
A demanda imediata das organizações é a prisão do agressor. “Fomos para dar empatia ao Neno e palavras de ordem contra o racismo. Ficamos sabendo que hoje o agressor deve depor. Exigimos a prisão imediata”, afirma Gilson Rocha de Souza, liderança do Movimento Negro Evangélico.
À noite, há uma reunião da luta antirracista, às 19h, na sede do Núcleo Periférico, com a convocatória feita pelo Movimento Negro Unificado, Núcleo Periférico, Coletivo Negro Minervino de Oliveira, CUT, APP-Sindicato e PT, entre outras organizações.
Protagonismo e convocatória
A avaliação de Gilson Rocha de Souza ressalta o protagonismo da população negra nessa luta. Para ele, nesse sentido, a convocatória do movimento negro deve ser respondida pelas entidades partidárias e sindicais, que não podem atuar de maneira tímida na luta antirracista nesse período, como acontecia até o momento. “O que está acontecendo pega o racismo contra nós negros, e também é o crescimento de uma onda neofascista que pega também os petistas, a esquerda, atinge a todos”, afirma Souza.
Pedido de prisão junto a órgãos públicos
Ontem mesmo, dia 28, a vereadora Carol Dartora (PT), em documento enviado à Promotoria de Direitos Humanos Criminal, do Ministério Público, pede providências e prisão de Paulo Cezar Bezerro da Silva, o agressor.
Já o Conselho de Promoção de Igualdade Racial (Consepir) emitiu documento no mesmo sentido, pedindo a prisão, a partir do Boletim de Ocorrência nº 12225015/2022 que identifica a residência do agressor.
O documento do Consepir corrige a informação que havia circulado, reafirmando a ação e objetivo racista de Paulo Cezar. “Fato é que a Polícia Militar foi levada ao erro e não levou em consideração a testemunha que relator ao telejornal que o agressor teria dito em tese que “NEGRO E MORADOR DE RUA TEM QUE MORRER’, caracterizando assim o crime de racismo, injuria racial e lesão corporal”, descreve o documento.
O Consepir ressalta ainda que “o crime de racismo lei 7.716 /05/89, injuria racial pelo entendimento do STF, é crime tem e que ser tratado como crime racial. O artigo 147 – ameaça alguém por palavra gesto ou qualquer outro meio simbólico é previsto a detenção, conforme o Artigo 129 do Código Penal”.
Edição: Lia Bianchini