Rio Grande do Sul

CONSCIÊNCIA NEGRA

Entrega do Troféu Oxé de Xangô – Sirmar Antunes encerra Novembro Antirracista Unificado

Serão homenageados mulheres e homens negros com mais de 60 anos que têm ou tiveram atuação destacada em 12 segmentos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Homenagem encerra as atividades do Novembro Antirracista Unificado no RS, que reuniu mais de 40 entidades - Foto: Jorge Leão

O Novembro Antirracista Unificado encerra nesta quarta-feira (30) com a entrega do Troféu Oxé de Xangô – Sirmar Antunes in memoriam em homenagem aos griots ou griottes, que são guardiões da tradição do povo negro. Após um mês de muitos debates, reflexões e atividades culturais, a cerimônia ocorre às 19h, na quadra da Escola Imperadores do Samba (Av. Padre Cacique, 1567), em Porto Alegre.

A honraria foi concebida pelo Grupo de Trabalho de Cultura do Novembro Antirracista Unificado, que reuniu mais de 40 entidades dos movimentos negro, social, sindical, estudantil e da juventude. Será destinada a mulheres e homens negros com mais de 60 anos que têm ou tiveram atuação destacada em 12 segmentos: Artes Visuais, Atuação Política, Comunicação, Direito, Educação, Esportes, Liderança Comunitária, Literatura, Música, Religiosidade, Saúde e Sindical.


Trofeu será entregue a 12 personalidades negras / Reprodução

O Troféu Oxé de Xangô foi confeccionado pelo artista visual Pedro Salles. É a representação de um machado de dois gumes, símbolo de Xangô, considerado o deus da justiça, dos raios, dos trovões e do fogo, além de ser conhecido como protetor dos intelectuais. Xangô é o mestre da sabedoria, gerando o poder e atuação proativa na política e na justiça.

Conforme explica a Iyalorixá do candomblé Marli D’Sàngó, o machado “simboliza as duas faces de todos os fatos que se concretizam no mundo. A dualidade da vida e da morte; da verdade e da mentira, do bem do mal; da ação e da inércia; do justo e do injusto”. Mas tem como principal característica “simbolizar a justiça e a misericórdia, não atuar apenas a favor de uma pessoa, mas de todos; precisamente a partir do fato de representar dois opostos”.

O troféu também leva o nome de Sirmar Antunes in memoriam ao ator gaúcho, falecido em agosto deste ano. Com uma carreira destacada no cinema e TV, teve importante atuação na cultura e na representação da história do povo e dos artistas negros no Rio Grande do Sul.

A premiação é organizada pelo GT de Cultura do Novembro Antirracista Unificado, com apoio do Coletivo pela Igualdade Racial do Sindjus/RS e Unegro.

Homenageados

ARTES VISUAIS – Guaraci Feijó

ATUAÇÃO POLÍTICA – Senador Paulo Paim

COMUNICAÇÃO – Jornalista Vera Daisy Barcellos

DIREITO – Antônio Carlos Côrtes

EDUCAÇÃO – Professora Vera Triumpho

ESPORTES – José Ventura

LIDERANÇA COMUNITÁRIA – Antônio Mattos

LITERATURA – Poetisa Fatima Farias

MÚSICA – Nanci Araújo

RELIGIOSIDADE – Iyalorixá Carmem de Holanda

SAÚDE – Alberto Terres

SINDICAL – Maria Geneci Silveira

Assembleia gaúcha também homenageia personalidades negras

Na terça-feira (29), às 19h, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa gaúcha, ocorre a 4ª edição da Homenagem Personalidades Negras. A atividade é parte das comemorações de novembro, mês da Consciência Negra, do legislativo estadual, e também será transmitida ao vivo pela TV Assembleia.


4ª edição da Homenagem Personalidades Negras ocorre neste terça (29), às 19h, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa / Reprodução

A promoção é da Frente Parlamentar dos Povos e Comunidades Tradicionais, presidida pelo deputado Zé Nunes (PT). “Estamos, mais uma vez, destacando personalidades negras que não têm suas histórias contadas, mas que muito já fizeram pelo Rio Grande do Sul, seja na cultura, esporte, religião, educação, saúde ou outra”, afirma o deputado.

Entre as pessoas homenageadas estão Maria da Graça Silva Amaral, Alemão Preto, Lisete Conceição e o babalorixá Douglas D'Ogum Avagã.

Também integrando as atividades do mês da Consciência Negra, inaugurou hoje (28), no Hall de entrada da Assembleia, a exposição “Ancestralidade: uma homenagem à ousadia, resistência e transformação”, do Coletivo Afroaya Resistência e Ousadia. Até 2 de dezembro, das 9h às 18h, no Espaço de Exposições Carlos Santos, ficam expostos quadros de aquarela em papel e tela, livros de poema, brincos e colares afro de pano, bonecas negras de pano, ecobags e canecas, chaveiros em madeira, catavento e mobiles.

O Coletivo Afroaya é composto, em sua maioria, por mulheres da Restinga, periferia da capital gaúcha. São mulheres que estudam, ensinam e divulgam a africanidade e trabalham pela valorização da periferia, atuando com diversidade de produção, material e criatividade praticando os valores da economia solidária. São artesãs e artesãos que trabalham com madeira, tecido, fios, tintas, reciclagem e produção cultural através de livros e poemas.


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Edição: Marcelo Ferreira