Paraná

COMBATE AO FASCISMO

Opinião. Apontamentos sobre o neofascismo e o golpismo

A atual ação neofascista não é irrelevante

Curitiba (PR) |
Até o final da noite desta segunda-feira (31), 321 pontos de bloqueio pelo país foram contabilizados - Mauro Pimentel/AFP

1 - Bolsonaro está isolado internacionalmente. O governo Lula já foi reconhecido por 88 países, incluindo os governos de direita da Itália, Polônia, Israel e Hungria. Desde antes, a vitória nas urnas já contava com a sinalização de Biden e também com um cenário latino-americano favorável à mudança; o que dificulta uma ação golpista que se estenda no tempo;

2. Mas isso não é suficiente para impedir ações de pressão e desestabilização, que podem ser a tônica para o próximo período.

3. A base do neofascismo é diversa, ativa, e conta com setores no interior do Estado (PMs, PRFs, Guardas Municipais); a saída de Bolsonaro do governo coloca a própria direção do movimento em questão para o futuro.

4. O bloqueio nas estradas mostra que, mesmo no impasse e numa ação nitidamente de segmentos específicos, a ação neofascista não é irrelevante, fez mais estragos num dia que a esquerda em quatro anos de governo Bolsonaro. Não são irrelevantes, como as forças golpistas, mesmo quando derrotadas, não costumam ser.

5. A esquerda deve aprender a ter a dimensão completa desses movimentos e o futuro governo deve desmobilizá-los antes que se desenvolvam. Isso exige disposição ao debate midiático, à convocatória à mobilização dos trabalhadores, à educação política, ao enfrentamento contra o fascismo.

6. A esquerda não pode contar apenas com a expectativa nas instituições, que saem mais desgastadas após o período Bolsonaro. A mobilização popular terá que ser necessária reivindicando democracia, legitimando o governo e exigindo avanço em direitos sociais.

7. No próximo período, se depender de oposição, Congresso, governos e instituições por si mesmas, certamente buscarão um governo Lula com a faca no pescoço. Mesmo assim, é fato que pode haver espaço para Lula avançar, em áreas tais como: políticas contra a fome, defesa da Amazônia, política Internacional, programas sociais, alguma reabertura de produção nacional (Fafens, de fertilizantes, por exemplo, manter refinarias da BR etc).

8. Temos que buscar a paz, mas aquela que se conquista com luta e com direitos;

Edição: Frédi Vasconcelos