Paraná

Corrida eleitoral

Lula faz maior ato político de Curitiba nas eleições 2022

Manifestações foram por vitória no primeiro turno à presidência e virada para o governo do estado

Curitiba (PR) |
Calçadão da rua XV e arredores da Boca Maldita, no Centro de Curitiba, ficaram lotados de apoiadores de Lula - Foto: Ricardo Stuckert

A volta do ex-presidente Lula (PT) a um evento aberto em Curitiba, no sábado (17), foi o maior ato político na capital paranaense nas Eleições 2022. Com palanque na Boca Maldita, no centro da cidade, ficaram lotados pelos menos três quarteirões do calçadão da rua XV de Novembro, além de ruas laterais.

Nos depoimentos colhidos pela reportagem do BdF-PR com pessoas que assistiam ao ato (veja abaixo), o sentimento era de buscar votos para encerrar as eleições, com a vitória de Lula à presidência, no primeiro turno, e para buscar a virada com Roberto Requião, que está em segundo lugar nas pesquisas na disputa ao governo do estado.

No palanque, os discursos miraram os mesmos dois objetivos, além de críticas pesadas ao governo Bolsonaro. Ao falar, Lula primeiro mandou um recado de que a prisão o fez “amar” Curitiba: “Tenho gratidão e respeito por Curitiba, por mulheres e homens que não mediram esforços para ficar 580 dias pedindo a minha liberdade. Quero começar dizendo obrigado, Curitiba, por tudo que vocês fizeram por mim e pelo Brasil.”

Após esse cartão de visita, fez críticas ao governo Bolsonaro pela volta da fome ao país, liberação de armas, devastação da Amazônia, entre outros assuntos. “Bolsonaro não entende de educação, emprego, não entende de nada, a não ser de fake news e de mentir para a sociedade brasileira, como ele faz todo dia", afirmou.


Ao iniciar discurso, Lula mandou um recado de que a cadeia o fez “amar” Curitiba / Foto: Ricardo Stuckert

Ao longo de seu discurso, Lula também falou de políticas públicas e programas feitos em seus governos. "O Brasil estava virando um país extraordinário. Não tem explicação para nossa pobreza, não tem explicação para ter 33 milhões de pessoas com fome nesse país, 116 milhões comendo menos do que deveria comer", disse o candidato, complementando que, caso eleito, "esse país vai voltar a gerar empregos, vai voltar a respeitar as pessoas."

No tom de propostas para um possível novo governo, Lula garantiu a efetivação de Ministérios das Mulheres, da Igualdade Racial, a volta do Ministério da Cultura e a criação do Ministério dos Povos Originários. O candidato também pontuou a necessidade de participação popular no governo, em conferências nacionais para discussão de políticas públicas.  

Outro ponto importante do discurso foi a defesa das minorias e da liberdade religiosa. "Quero que LGBTs sejam respeitados. Precisamos ter certeza que o preconceito é uma coisa nojenta", afirmou.

Lula também mandou recados a diversos setores: “Não haverá mais invasão na Amazônia, corte de madeira ilegal, garimpo ilegal. Este país vai ter motivação, uma Polícia Federal que funcione para coibir e acabar com o narcotráfico”, disse. E também para as Forças Armadas: “Nós queremos Forças Armadas preparadas, equipadas para ninguém invadir o Brasil. Não querendo se meter nas eleições do país”, disse.


"Esse país vai voltar a gerar empregos, vai voltar a respeitar as pessoas", disse Lula / Foto: Ricardo Stuckert

Voto em Requião

Boa parte da fala do ex-presidente foi para pedir votos em Requião, exaltando as parcerias e o conhecimento dos dois na vida política. Já o ex-governador também exaltou Lula dizendo que: “Não vale a pena ser governador se Lula não for o presidente.” E elencou problemas atuais do Brasil e do estado.

“Fico indignado quando vejo mulheres assaltando caminhão de lixo para alimentar suas famílias num país que é o maior produtor de grãos do mundo. Fico indignado quando vejo mulheres cozinhando uma sopa com restos de ossos. É a indignação que me faz estar neste palanque... Lula sabe o que é o desespero de um desempregado e sabe o desespero de um empregado que não consegue com seu salário alimentar os seus”, disse Requião.

Ele aproveitou também para alfinetar o atual governador e a direção das empresas de água e eletricidade do Paraná. “Ganhamos o governo, e eu ponho na rua os diretores e presidentes da Copel e da Sanepar e devolvo ao povo as empresas paranaenses. Vamos acabar com as concessionárias que roubam”, falou, em referência aos aumentos de tarifas e lucros de acionistas estrangeiros.


Candidato petista ao governo do estado, Requião ressaltou indignação com fome no país / Foto: Ricardo Stuckert

Reconstrução do Brasil

Presente ao comício, o senador Randolfe Rodrigues disse que, nos últimos quatro anos, o Brasil "desceu ao inferno". “Nós vimos a destruição da Amazônia, a democracia destruída, a fome. Nós vimos a tragédia em pessoa.” E complementou: “Chegou a hora de romper a manhã, liderado pela maior liderança que o povo brasileiro já viu em todo a sua História.”

A ex-presidente Dilma Rousseff lembrou que o caminho da reconstrução passa pelas mulheres. “Somos 53% da população, nós também somos mães dos outros 47% homens. Mulheres de fé e mulheres lutadoras, que vão virar essa eleição, que não vão deixar ganhar um genocida que não se importou com a saúde desse país”, afirmou. 

Quem estava na plateia

Movimentos populares e pessoas de diversas cidades do estado vieram para o comício em Curitiba. Abaixo, publicamos uma seleção de depoimentos colhidos ao longo do ato.

Aline Damiana, integrante da ocupação Independência Popular

“Estou indo no encontro com Lula porque acho que a gente precisa de melhorias, principalmente na alimentação, moradia, em que estamos largados, sem resposta. Acho que ele (Lula) está com a gente. E vamos encontrar todas as comunidades que estarão lá. É isso, independência popular.”

Guta Stresser, atriz

"Estou no comício do Lula e do Requião muito feliz. Acho que está mais do que na hora de o paranaense entender que o Lula vai ganhar e que o Paraná não pode ficar de fora. Requião é Lula e Lula é Requião. Apesar de Curitiba ter marcado a vida do presidente Lula com injustiça e muita dor, sua prisão política, depois do golpe, paradoxalmente, também trouxe um grande amor para a vida dele (Janja). A gente tem muito orgulho de ser paranaense e curitibana e vamos com Lula e Requião.”

Marcio Kieller, presidente da CUT-PR

"A gente está muito feliz neste sábado de sol aqui em Curitiba. Muita gente atendeu ao chamado dos movimentos sociais e dos partidos políticos e veio à Boca Maldita para esse grande comício da virada, de consolidar a vitória de Requião e Lula no Paraná.”

Tales, presidente da União Paranaense dos Estudantes

"A gente está aqui hoje na Boca Maldita para dizer que o Paraná não é terra de fascista, o Paraná está com Lula e Requião para florescer novamente a esperança aqui no nosso Estado.”

Aline Ferreira, de Palmas (PR)

"Estou aqui na luta para ver Lula presidente para melhoria do Brasil, chega de tanta pobreza.”

Marilda, Marcha Mundial das Mulheres

“Estamos aqui pela vida das mulheres, em defesa da democracia, Lula presidente e fora esse bolsonarismo terrível de nosso país.”

Nena Inoue, atriz

"A gente está aqui no comício do Lula e do Requião porque Curitiba tem de 'Lular', o Sul tem de 'Lular' para a gente ganhar esta eleição no primeiro turno. Curitiba vai Lular. Curitiba é também a capital da resistência, não é só desse outro povo aí não. É onde começou as Diretas Já, é onde teve ocupação do Iphan... É Curitiba, Lula e Requião...”

Susi Monte Serrat, cantora

"Estamos aqui nesse dia histórico esperando o Lula, porque Lula é muito importante para a cultura, vai refazer nosso Ministério da Cultura, que foi a primeira coisa tirada neste governo. Nossa esperança está muito grande. Estamos esperando Lula para nos abraçar e abraçar a todo o povo brasileiro.”

Renato Freitas, vereador cassado de Curitiba e candidato a deputado estadual

"Hoje Curitiba tem a grande oportunidade de dizer não ao fascismo e não se inscrever no pior momento da História ao lado daqueles que idolatram a morte. São mais de 700 mil pessoas mortas pelo Coronavírus e em decorrência dos hospitais lotados ou pela violência policial endossada por este governo. Hoje, em Curitiba, gritamos bem alto pela vida e pela democracia.”

Clenice Pinheiro Rosa, professora e psicóloga

“Aqui (Boca Maldita) é marcante para mim porque vim aqui com meus filhos pequenos nas Diretas Já. E hoje é um marco para nós porque sabemos que vamos voltar a ser alegres e dividir a democracia para todo mundo, não só para uma minoria. Queremos realmente que o Lula vá no primeiro turno, o Requião no segundo turno, e a gente vai estar muito feliz.”

Robson Formica, do Movimento dos Atingidos por Barragens

“Estamos aqui, no sábado, neste bonito ato com o presidente Lula, para reafirmar essa campanha bonita e tentar garantir a vitória já no primeiro turno, retomar o processo de reconstrução do Brasil. Para os atingidos é extremamente importante e necessária essa vitória, assim como para toda a classe trabalhadora brasileira. Esse vai ser o comício da arrancada da vitória de Lula no primeiro turno e da virada de Requião sobre o Rainho Jr. aqui no Paraná.”

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini