Paraná

GRITO DOS EXCLUÍDOS

28º Grito dos Excluídos e das Excluídas na Vila União em Curitiba

Ideias de Papa Francisco para o mundo: Teto, trabalho e terra para produzir comida

Curitiba - PR |
Comunidade do Tatuquara recebe 28º edição do Grito dos Excluídos/as de Curitiba, neste 7 de setembro - Letícias Faria (@alelefaria)

O Grito dos Excluídos, neste 7 de setembro, com o tema nacional Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?, começou pela manhã, na Vila União dentro do bairro Tatuquara em Curitiba, recepcionando com café da manhã, com alimentos da Rede de Padarias Comunitárias Fermento na Massa, e após a caminhada pela comunidade o coletivo do MST Marmitas da Terra ofereceu almoço para os centenas de moradores ocupações urbanas, militantes de movimentos sociais, sindicais e partidos.

Além do tema principal, o ato abarcou outros 7 eixos de debate que tratam de assuntos atuais e que sempre estão em discussão. São eles: violência estrutural; dívida pública, dívidas sociais e direitos humanos; educação popular e trabalho de base; soberania alimentar: agricultura familiar no combate à fome e ao agronegócio; teto, terra e trabalho; democracia participativa e democracia representativa e defesa dos territórios.

Cerca de 1000 pessoas participaram do ato, que caminhou pelas ruas da Vila União / Lucas Botelho (@lucas_bot) e Letícia Faria (@alelefaria)


Despejo zero e vida digna 

A escolha do local para realizar o 28º Grito se origina na atual luta contra os despejos nas ocupações por moradia na região metropolitana de Curitiba. Com um pouco mais de um ano e meio de existência e resistência, a Vila União abriga dezenas de famílias em situação de vulnerabilidade em um terreno abandonado. Sem saneamento básico, sem ruas asfaltadas, lama em dias chuvosos, ainda sim, com muita energia e tom de luta, durante um ato ecumênico, a comunidade da Vila União agradeceu à deus pelo teto, e exigiu o cumprimentos dos direitos garantidos na constituição de 1988.

Leia um trecho da fala de Roberto Baggio, direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, disse durante o ato do Grito dos Excluídos.
"Certamente para todos nós, nessa quarta-feira de Grito dos Excluídos é um grande aprendizado. Talvez para muitos jovens, estudantes e professores, hoje, seja a melhor aula para entender a realidade brasileira, para entender esse país, como o poder público, como sistema trata as pessoas. Então, nesse momento, esse lugar expressa um pouco como funciona o Brasil, o que é Paraná, o que é Curitiba, o nível de empobrecimento e dificuldades do nosso povo. Por outro lado a gente vê aqui com nossos olhos a força que nosso povo tem, veja bem aqui a Comunidade Vila União, tem um ano e pouco e a sua grande maioria já tem a sua casinha pra fugir do aluguel. Organizaram com sua força física as estradas, puxaram luz, água, ergueram esse belo barracão comunitário aqui com uma bela ação solidária dos sindicatos, das pastorais e MST na forma de mutirão. Estamos num lugar onde revela essas duas coisas, a contradição estrutural do sistema, e por outro lado a capacidade humana de resolver, atuar e atenuar o sofrimento. Queria trazer aqui quatro ideias do que seria um Brasil popular, e as ideias centrais são do grande profeta Papa Francisco, ele resumiu uma ideia de um grande programa que serve para o mundo todo, a primeira delas; teto e a moradia, todas as famílias do mundo tem que ter uma casa digna para morar; uma segunda grande ideia é que todas as pessoas tem que ter trabalho, que com o trabalho ele consegue o restante que ele precisa; e o terceiro é terra, repartindo as terras do mundo para produzir comida, que hoje no nosso país 126 milhões de brasileiros não tem um prato de comida."

Edição: Pedro Carrano