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Quilombo nos parlamentos

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das 54 vagas da Assembleia Legislativa do Paraná, Estado com 34% da população autodeclarada negra (IBGE 2018), 48 estão ocupadas por homens brancos - Giorgia Prates
Não estamos mais no século 19, mas homens brancos predominam nas eleições

Em outubro, faremos valer nosso direito de escolher quem irá ocupar a presidência da república, os governos estaduais, o senado, as câmaras federal e estadual nos próximos quatro anos.

Direito que para a maioria chegou tardiamente: em 1824 ocorreu a primeira eleição nacional para a Assembleia Legislativa, onde somente homens brancos da elite colonial com 25 anos e renda anual mínima de 100 mil réis para votar e 200 mil réis para ser votado (voto censitário), tiveram direito a participar.

Mulheres, homens livres com renda inferior e pessoas escravizadas não participavam do processo eleitoral. Posteriormente, o quesito renda foi abandonado e exigiu-se que o eleitor fosse alfabetizado, numa época quando o analfabetismo no país chegava a 75%.

A população negra – mesmo após a Lei Áurea, em 1888 – seguiu majoritária nos índices de analfabetismo, reflexo da pseudo-abolição. Somente em 1986 foi permitido o voto às pessoas analfabetas.

A política brasileira ainda reproduz o colonialismo. Hoje, temos mais de 152 milhões de pessoas com acesso ao voto e – mesmo com o crescente número de candidaturas negras – os resultados ainda não garantem uma representação condizente com a população majoritária do país: em 2022, das 54 vagas da Assembleia Legislativa do Paraná, Estado com 34% da população autodeclarada negra (IBGE 2018), 48 estão ocupadas por homens brancos, 5 por mulheres brancas e apenas 1 por deputado autodeclarado negro.

Não estamos mais no século 19, mas homens brancos predominam nas eleições. Daí a importância de iniciativas como o “Quilombo nos Parlamentos”, que visa apoiar as candidaturas de pessoas ligadas ao movimento negro e contribuir para eleger pessoas comprometidas na luta contra as desigualdades raciais, sociais e de gênero. Para o voto consciente, vale a pesquisa.

 

 

Edição: Giorgia Prates e Pedro Carrano