O Dia do Pais, celebrado em todo país neste domingo (14), foi motivo de dor e saudade para familiares do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado no último 9 de julho enquanto comemorava seu aniversário de 50 anos em Foz do Iguaçu, região oeste do Paraná.
Com intuito de amenizar a dor da ausência e também reforçar a pressão social por Justiça e Paz, parentes e amigos da vítima reuniram-se na Igreja Nossa Senhora de Guadalupe para homenagear a memória de Arruda. Em um dos muitos cartazes empunhados pelos manifestantes presentes no ato, destaque ao sustentado por Pâmela Silva, víuva de Arruda, com o apoio de dois dos seus quatro filhos. "1º Dia dos Pais sem nosso pai".
"Foi um ato dedicado aos filhos do Marcelo que passaram o primeiro dia dos pais sem o pai. Queremos demonstrar que a violência alimentada pelo ódio resulta em muita dor. Além de continuarmos pedindo Justiça. Afinal, na esfera jurídica o processo apenas começou", destacou Pâmela ao mencionar a situação do processo movido contra o responsável pela tragédia, o policial penal bolsonarista Jorge Guaranho.
Após uma série idas e vindas entre decisões judiciais em razão da aparente omissão do Governo do Paraná ao não assegurar a custódia do réu indiciado por homicídio duplamente qualificado, o assassino terminou sendo encaminhado, na última sexta-feira (12), para cumprir prisão preventiva no Complexo Médico Penal, em Pinhais. A decisão foi alvo de críticas por parte de advogados de defesa de Guaranho. Por meio de nota, a defesa chegou a definir a prisão preventiva do denunciado como ilegal e desumana.
Para a viúva, desumano é "matar um um pai de família". "Há dois pontos de vista. Temos aí a questão jurídica, ele como preso tem seus direitos e deveres, porém, falar em desumano para nós é nos remeter ao dia do fato, em que o assassino desconsiderou totalmente a questão humanitária quando decidiu atentar contra a vida do Marcelo e dos nossos convidados na festa", desabafou Pâmela.
Ordem pública
A defesa de Guaranho chegou a entrar com recurso junto ao Tribunal de Justiça do Paraná para que o réu voltasse a ser mantido em prisão domiciliar. Entretanto, por decisão do desembargador Xisto Pereira, o pedido foi negado. Em seu despacho, o magistrado destacou que o assassinato político gerou grande repercussão nacional e que, diante disso, restaria justificada sua prisão preventiva para manutenção da ordem pública.
"A intolerância, motivada por exagerada paixão, não pode ser aceita e deve ser coibida pelo Poder Judiciário, tendo em vista as eleições que se avizinham e o conturbado panorama do atual processo eleitoral, sob pena de consequente sensação de impunidade, que poderá gerar novos conflitos entre pessoas com diferentes preferências político-partidárias", sustentou o desembargador. Jorge Guaranho permanece detido preventivamente no Complexo Médico Penal.
Edição: Lia Bianchini