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A revolução será feita pelas mulheres negras

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Uma bandeira com a imagem que representa Tereza de Benguela, liderança quilombola do séc. 18, no ponto mais alto do edifício - Marcel Malê
“Quem vai fazer a revolução são as mulheres negras", afirma Telma Mello

Sobre corpos negros, a cidade de Curitiba apresenta um histórico de apagamento cultural que insiste em negar a presença e a contribuição da negritude, como evidenciam pesquisas sobre o Paranismo, movimento que invisibiliza não apenas a população negra, mas seu fazer artístico e sua presença no Paraná, de forma a manter a população afro-curitibana em subalternidade.

Um dos principais líderes desse movimento, que teve em suas bases o cientificismo e ideais eugenistas, foi o historiador e jornalista Romário Martins.

Durante o recém findado mês de julho, as reflexões acerca das intersecções de gênero e raça propostas pelo Julho das Pretas – agenda voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade – teve como um dos palcos o Museu Paranaense, instituição fundada em 1876 (12 anos antes da lei Áurea) e que teve Romário Martins, nomeado diretor em 1902, cargo ocupado por 26 anos.

Marcando o retorno ao presencial do Julho das Pretas, o museu – que hoje reúne esforços para se tornar mais plural – recebeu uma programação diversa, com oficinas, performances, palestras e apresentações artísticas protagonizadas por artistas negras locais, que fincaram (simbolicamente) uma bandeira com a imagem que representa Tereza de Benguela, liderança quilombola do séc. 18, no ponto mais alto do edifício onde, com a força do vento e das mulheres negras, lia-se “Julho das Pretas”.

Ato simbólico que ilustra o que diz uma das organizadoras do evento, Telma Mello: “Quem vai fazer a revolução são as mulheres negras, a gente não é só batuque, nós temos saberes, produção de conhecimento”. A presença afro-curitibana comunicando suas narrativas no espaço do museu desconstrói o imaginário construído por seu antigo diretor.

 

 

 

 

 

Edição: Giorgia Prates e Pedro Carrano