Paraná

Tragédia em Foz

Responsável por monitorar câmeras do local onde petista foi assassinado comete suicídio

Claudinei Esquarcini gerenciava o sistema de monitoramento do clube onde Marcelo Arruda comemorava aniversário

Foz do Iguaçu (PR) |
Claudinei Esquarcini era funcionário da hidrelétrica Itaipu Binacional há 20 anos e gerenciava esquema de videomonitoramento da Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física - Foto: Reprodução Facebook

Claudinei Esquarcini, funcionário da Itaipu Binacional, que detinha o gerenciamento do sistema de segurança do clube palco do assassinato do petista Marcelo Arruda, cometeu suicídio no último domingo (17), na altura do município de Medianeira, oeste do Paraná. Ele tinha 44 anos e deixa esposa e três filhos.

No Boletim de Ocorrência registrado na 12ª Delegacia Regional de Polícia de Medianeira, às 13:04, há a constatação de "morte a apurar sem indícios de crime - ocorrências não delituosas - suicídio - sem ilicitude."

Funcionário da hidrelétrica há 20 anos, Esquarcini atuava na Divisão de Segurança da Central da usina, e gerenciava o esquema de videomonitoramento da Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física (Aresf), espaço recreativo escolhido por Marcelo para celebrar sua festa de 50 anos, no dia 09 de julho. A festa terminou com o aniversariante morto a tiros, após o policial penal federal Jorge Guaranho chegar ao local sob gritos de "aqui é Bolsonaro."

Em coletiva de imprensa, na sexta (15), a delegada Camila Cecconello, que investiga o assassinato de Marcelo Arruda, informou que uma testemunha que tinha acesso às câmeras de segurança do clube havia contado a Guaranho sobre a festa com temática petista.

"[A testemunha que contou sobre a festa] tinha costume de acessar as câmeras porque o local é afastado. O autor dos fatos vê a imagem, não comenta nada, apenas pergunta onde está ocorrendo a festa, não comenta mais nada", relatou Cecconello, sem citar o nome da testemunha.

Advogados pedem perícia em celular 

Diante do suicídio da pessoa responsável por monitorar as imagens de segurança do clube, os advogados da família de Marcelo Arruda protocolaram, nesta segunda-feira (18), um requerimento para que o celular de Claudinei seja periciado.

De forma conjunta, os advogados Daniel Godoy, Paulo Guerra e Ian Vargas requerem que o presidente da Aresf, Antônio Marcos de Souza, apresente em juízo a relação completa dos membros da diretoria da entidade, bem como seja determinada a busca e apreensão do celular de Claudinei.

Os advogados justificam o pedido sob o argumento de que celulares de pessoas ligadas à diretoria do clube foram utilizados por Jorge Guaranho para ter acesso às imagens do local onde Marcelo Arruda realizava sua festa.

"Foi da reunião festiva entre associados da Aresf, após a visualização das câmeras, disponibilizada de uma forma ou outra por ambos, em conjunto ou isoladamente, com a participação ou não de Claudinei, que o assassino partiu para matar Marcelo. Nesse sentido é necessário investigar o alcance da participação de todos, inclusive outros agentes ainda ocultos, com o que, também, a quebra dos sigilos acima, inclusive sobre os dois grupos de WhatsApp: de associados da Aresf e grupo da diretoria da Aresf, permitirá saber o conteúdo e a extensão ou não de tal participação", sustentam.

Os advogados destacam a importância de tais diligências sob o argumento de que permitirão saber se as imagens estavam disponíveis aos diretores da Aresf, se foram compartilhadas mensagens ou instigações políticas contra o petista assassinado. "Quem são os diretores? De que forma atuaram ou não? Partícipes ou não no fato criminoso? Quem disponibilizou as imagens? Quem tinha as senhas?", questionam os advogados.

Anunciado na última quinta-feira (14) como encerrado pela Polícia Civil do Paraná, o inquérito policial que apura a morte de Marcelo Arruda foi dado como incompleto pelo Ministério Público no dia seguinte. Manifestação prévia do MP solicitou a realização de diligências no aparelho celular do autor do crime. O pedido protocolado hoje pelos advogados da família deverá ser avaliado pelo MP e pelo juiz responsável pelo caso.

Edição: Lia Bianchini