Mobilização

Em SP, ato por justiça para Marcelo Arruda reivindica motivação política em assassinato

Atos ocorrem depois que a Polícia Civil determinou que não houve motivação política no crime contra dirigente do PT

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Em São Paulo, na manhã deste domingo, manifestantes estiveram presentes em frente ao MASP, na Avenida Paulista - Elineudo Meira / @fotografia.75

Neste domingo (17), manifestantes deram seguimentos aos atos que pedem Justiça pelo guarda municipal, sindicalista e dirigente petista Marcelo Arruda e contra a violência política e eleitoral, que escalou nas últimas semanas.  

Arruda foi assassinado a tiros durante sua festa de aniversário no último sábado (9), pelo bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, um policial federal penitenciário. Ele comemorava seus 50 anos em Foz do Iguaçu (PR) com uma festa temática "Lula 2022". 

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Em São Paulo, na manhã deste domingo, manifestantes estiveram presentes em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), na Avenida Paulista, região central do município. 

Durante a manifestação, Laércio Ribeiro, presidente do Diretório Municipal do PT São Paulo, disse lembrou que a Polícia Civil do Paraná concluiu que não houve motivação política no assassinato de Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR). O autor, Jorge Guaranho, vai ser indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar "perigo comum" às outras pessoas que estavam na festa de aniversário onde aconteceu o crime. 

“Como não houve motivação política?”, questionou Ribeiro. “Houve um crime de ódio, por motivação política não só na morte de Marcelo, mas na morte de lideranças indígenas, na morte dos jovens de Paraisópolis, de mestre Moa do Katendê. Essas mortes são políticas e por motivação política através de um discurso de ódio”, afirmou o dirigente petista. “Não basta só justiça com base naquele indivíduo que entrou na festa de Marcelo. É preciso responsabilizar a todos. Nós venceremos em memória àqueles que lutaram e que lutam.” 

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Também em São Paulo, Jessy Dayane, presidente do Levante Popular da Juventude, leu a carta de Justiça por Marcelo Arruda, subscrita por PT, PSB, PCdoB, PSOL, Partido Verde, Rede Sustentabilidade e Movimento Brasil Popular. “O bolsonarismo teme os nossos sonhos e quer criar um pesadelo. Mas ele não pode nos calar. As ofensas, ameaças e balas fortalecem a nossa unidade. Quando um de nós de tomba, vira semente, floresce e multiplica”, diz um trecho. 

Segundo o Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), entre 1º de abril e 30 de junho deste ano, houve 101 casos de violência contra lideranças político-institucionais no país, com 24 homicídios. Em comparação com o primeiro trimestre de 2020, quando aconteceram as eleições municipais, houve um aumento de 17,4%.  

Em Foz do Iguaçu, a manifestação começou às 10h, na Praça da Paz, e teve patrulhamento reforçado. Também às 10h ocorreram atos em Curitiba, na Praça Tiradentes, em frente à Catedral, e Porto Alegre, no Brique da Redenção - Parque Farroupilha. Em Osasco (SP), começou às 11h, na Capelinha do Helena Maria.  

No sábado (16), já houve atos em Maceió e Londrina (PR). 

Confira a carta dos partidos na íntegra:  

“Nossa liberdade é o que eles mais temem. Estamos em todos os lugares. Estamos nas florestas, nos campos e nas cidades. Estamos no centro e na periferia, na capital e no interior. Estamos nos rios, nas praias, ilhas e mares. Estamos no sertão, no agreste, nas montanhas e vales. Somos muitos. Mulheres e homens. Somos L, G, B, T, Q, I, A e muito mais. Somos crianças, jovens, adultos e idosos. Negros, brancos, indígenas e mestiços. Originários e tradicionais. Somos o Brasil. 

Vivemos do Norte ao Sul, de Leste a Oeste. Vivemos sob a chuva e o sol, no calor e no frio. Lutamos por uma vida digna para todas as pessoas. Esse sempre foi nosso compromisso, nunca nos desviamos, nem nos desviaremos dele. 

O bolsonarismo teme nossos sonhos e quer criar um pesadelo. Só neste ano já registraram 214 casos de violência política, sendo 18 assassinatos entre abril e junho, segundo o Grupo de Investigação Eleitoral da Unirio. 

Mas ele não pode nos calar. As ofensas, ameaças e balas fortalecem nossa unidade. Quando um de nós tomba, vira semente, floresce, multiplica. Foi assim com Marielle Franco e Anderson Gomes, com Mestre Moa do Katendê, com Ari Uru-Eu-Wau-Wau, com Bruno Pereira e Dom Phillips e será também com Marcelo Arruda. 

Para cada minuto de silêncio há vidas inteiras de luta. A primavera será nossa. Nenhuma violência impedirá nossa vitória.” 

Edição: Marina Duarte de Souza