É criada uma subjetividade na identidade negra de que outras pessoas negras podem ocupar tal lugar
Num país onde a população negra é majoritária, as chamadas minorias sociais, não são minorias em quantidade, mas em representação. Indígenas, lgbtqia+ e pessoas com deficiência estão pouco representadas na política, na televisão e nos cargos de poder.
Representatividade é a expressão dos interesses de um grupo, na figura do representante que fala em nome do coletivo, de maneira comprometida com as necessidades do grupo representado. A representatividade constrói a subjetividade e identidade de grupos e indivíduos. Assim, quando uma pessoa negra se torna vereadora na cidade, é criada uma subjetividade na identidade negra de que outras pessoas negras também podem ocupar tal lugar. Quando uma pessoa negra pode ter seu mandato cassado, sem a comprovação de crime, vivencia-se uma reencenação de um passado colonial, que revela traumas históricos à negritude e que reproduz fenômenos como o difícil acesso à educação, desemprego, genocídio e intolerância religiosa.
Na capital mais negra do sul do país (24% segundo o IBGE), distante de representar a diversidade étnica da cidade, a Câmara conta hoje com 1 vereadora negra e 3 vereadores negros.
Renato Freitas, que em seu mandato – nomeado como “Um de Nós” – traz debates da pauta negra e questiona as hierarquias sociais, econômicas, políticas, culturais e históricas, faz valer a representatividade de minorias que tradicionalmente não ocupam cargos de poder, prestígio e representação política social, onde os representantes que aprovam leis e ocupam cargos de maior poder estão distantes dos interesses de minorias e promovem o chamado racismo institucional.
Se a vergonhosa cassação ocorresse, a garantia de representatividade é fundamental para dar continuidade ao fortalecimento das identidades e subjetividades de tantos de nós.
Edição: Giorgia Prates e Pedro Carrano