Paraná

Câmara de Curitiba

Vereadora mais jovem da história de Curitiba, Ana Júlia assume vaga de Renato Freitas na Câmara

No discurso de posse, reafirma que Renato foi perseguido “por sua luta e sua origem”

Curitiba (PR) |
Ana Júlia ficou conhecida em 2016, como liderança estudantil nas ocupações de colégios estaduais - Foto: Lucas Carrera/Assessoria de Comunicação

Ana Júlia Ribeiro (PT) tomou posse como vereadora na Câmara de Curitiba, nesta segunda (4), assumindo a vaga aberta com a cassação de Renato Freitas. Com 22 anos, Ana Júlia é a vereadora mais jovem da história da capital paranaense. Ela ficou nacionalmente conhecida em 2016, como liderança estudantil nas ocupações de colégios estaduais.

A vereadora iniciou seu discurso afirmando não chegar à Câmara "no momento planejado", "nem pelo motivo certo", uma vez que entende o processo contra Renato Freitas como "injusto e desproporcional."

"Renato foi perseguido por sua origem, sua luta e por tudo aquilo que um jovem negro e periférico representa. Se o cassaram por isso, cassaram mal, muito mal, porque também sou vinda da escola pública e do seio da classe trabalhadora, para representar as pautas dos movimentos sociais, para continuar, no que me couber, o trabalho do Renato", afirmou Ana Júlia.

A vereadora disse que irá defender os projetos pautados por Freitas na Câmara, garantindo que continuem tramitando e sejam aprovados. Ana Júlia já adiantou que irá reapresentar requerimento proposto pelo presidente da Câmara, Tico Kuzma, em 2013, concedendo título de cidadão honorário de Curitiba ao ex-presidente Lula.

Visivelmente emocionada durante o discurso, Ana Júlia disse não assumir o mandato sozinha. "Chego acompanhada por lideranças de movimentos sociais que lutam diariamente. Chego com ideias, projetos, sonhos, esperança e uma tarefa honrosa de representar as pessoas que, em 2020, acreditaram na revolução política e no projeto que defendemos", afirmou.

Partido tenta reaver mandato de Freitas

A posse de Ana Júlia para a vaga aberta por Renato Freitas causou protesto da Movimenta Feminista Negra, um movimento de mulheres negras de Curitiba. Isso porque elas defendem que a vaga deixada por um parlamentar negro seja ocupada por representantes também negras.

Na lista de suplências do partido, após Ana Júlia, estaria Angelo Vanhoni e, em terceiro lugar, a Mandata Coletiva das Pretas. A Movimenta Negra defende que Ana Júlia e Vanhoni desistam da vaga para que a terceira suplente ocupe a cadeira.

"Não é justo uma mulher branca assumir o mandato cassado. Nós temos a Mandata das Pretas, que representam as mulheres negras, o povo pobre e periférico", afirmou Telma Mello, representante da Movimenta Negra.

Angelo Vanhoni, presidente do PT de Curitiba, explicou que a luta pela manutenção do mandato de Freitas ainda não acabou. O recurso ao Tribunal de Justiça do Paraná pedindo a anulação da sessão que cassou Freitas foi negado. Na sexta (01), a defesa entrou com um pedido de agravo do recurso.

"Esperamos que nos próximos dias a desembargadora tome decisão favorável. O que restabelece o mandato do vereador Renato Freitas e abre novamente o processo. Enquanto isso perdurar, a primeira suplente é Ana Júlia, que é do PT, e de acordo com as normas deve assumir o mandato", disse.

Segundo Vanhoni, o partido continuará lutando pelo mandato em todas as instâncias cabíveis. "Essa luta não termina hoje. Vamos recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e, em última instância, ao Supremo Tribunal Federal. A causa do Renato é uma luta contra o racismo. Não há motivo para a cassação", concluiu.

Edição: Frédi Vasconcelos