Paraná

DIREITO À VIDA

Editorial. Pelo direito das mulheres de decisão sobre o próprio corpo

Polêmicas sobre aborto nessas semanas não tiveram fator moral, apenas hipocrisias

Curitiba (PR) |
Defender o aborto como um direito fundamental das mulheres é urgente, em especial da classe trabalhadora, a que sofre as consequências - Giorgia Prates

Essa semana nos lembrou da frase de Simone de Beauvoir, de que "basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados." Dois trágicos episódios comprovaram essa ideia.  

No primeiro caso, uma criança de 11 anos foi estuprada e obrigada a levar uma gestão até 29 semanas, por decisão arbitrária da juíza Joana Ribeiro Zimmer. No segundo, houve quebra do sigilo médico e exposição pública da atriz Klara Castanho, que também teve uma gravidez resultante de violência sexual e destinou a criança para adoção legal.  

O aborto é permitido no Brasil quando a gravidez é fruto de violência sexual ou põe em risco a saúde da mulher. E a doação para adoção foi feita de forma legalizada. Portanto, o que está em jogo nos dois casos não é a legalidade dos procedimentos. Também não se trata de uma questão moral, pois, mesmo não realizando o aborto, Klara Castanho foi vítima de seguidas violências médicas e exposta por uma mídia medíocre.  

As duas situações de abuso têm em comum o desrespeito ao direito das mulheres sobre seu próprio corpo. Defender o aborto como um direito fundamental das mulheres é urgente, em especial da classe trabalhadora, a que sofre as consequências. Bem como as garantias para que as mulheres determinem sua vida, com saúde, humanidade, respeito e soberania. 

Edição: Pedro Carrano