Paraná

EDUCAÇÃO PÚBLICA

ARTIGO I Professor não é massa de manobra, como Ratinho quer inventar

De 2016 para cá, isso representa quase um ano trabalhando de graça

Curitiba (PR) |
As quase dez mil pessoas presentes no ato estadual promovido pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) sabiam exatamente o que estavam fazendo ali - Giorgia Prates

Um certo deputado da base governista, ao se pronunciar no dia 21 de junho na sessão da ALEP, teve a pachorra de dizer que os professores presentes na manifestação ocorrida pela manhã eram era "massa de manobra" do sindicato. Sindicato este que só estava ali para fins eleitoreiros. Ora!  Será que esse deputado é tão desavisado que não sabe que faz quase seis anos que nossa categoria não tem a reposição da inflação? Que não recebe a data-base que lhe é de direito?

As quase dez mil pessoas presentes no ato estadual promovido pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) sabiam exatamente o que estavam fazendo ali. Todas elas lutavam pelos direitos de suas categorias, afinal o funcionalismo público do estado do Paraná vem acumulando perdas salariais que chegam a quase 37% dos seus vencimentos. De 2016 para cá, isso representa quase um ano trabalhando de graça. Estamos no limite!

Dentre as pautas reivindicadas na data do 21 de junho, estavam o pagamento da data-base; as liberações das  promoções e  progressões e o aumento do texto do desconto previdenciário para os aposentados. 

Os dados financeiros do Estado que foram levantados mostram que há verbas suficientes para zerar todas as perdas inflacionárias do período e resolver estas e outras questões. Houve crescimento financeiro além do esperado nas receitas do governo. Ou seja, dinheiro há. O que não há é vontade política para resolver tais impasses.

É notório que os preços não pararam de subir, o custo de vida teve altas impensáveis. Sobretudo, durante e depois da pandemia. No final de 2016, Curitiba tinha uma das gasolinas mais caras do país: R$ 3,75; hoje gira em torno de R$ 7,35. Um litro de leite não chegava a R$ 1,50; hoje está perto dos R$ 6,00. Por mais que se cortem os gastos, mudem-se hábitos alimentares, abra-se mão de lazer, diversão, passeios, a conta não vem fechando há muito tempo. 

Mas o governo insiste em dizer que está tudo bem, que tem reajustado os salários dos servidores, que é o estado que melhor paga seus educadores.  E por aí vai.

Discursos bonitos, ensaiados e reproduzidos à exaustão nas mídias oficiais para a população acreditar que o funcionalismo público é um mal necessário dentro do estado. Que a máquina pública funcionaria bem melhor se houvesse a otimização e a terceirização de determinados serviços à população. Serviços esses essenciais e que se sofrerem esse tipo de mudança proposta pelo governo farão estragos enormes para todos.

Não somos massa de manobra, senhor deputado! Somos trabalhadores e trabalhadoras que prezamos por um serviço público de qualidade e sabemos da importância do mesmo na vida das pessoas.  Nosso tempo de trabalho não se resume apenas a quatro anos. Não precisamos sair fazendo campanha e promessas vãs para ficarmos mais quatro anos empregados, já que nosso desempenho e nossa capacidade profissional são avaliados diariamente, mesmo nas condições mais adversas que enfrentamos.  Lembre-se disso.

 

*Cláudia Gruber é secretária Executiva de Comunicação da APP-SINDICATO

Edição: Pedro Carrano