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Questão urbana hoje: Por que lutamos?

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ficando o aprendizado, para o próximo período, de investimento em programas que busquem parcerias com os movimentos populares e áreas de ocupação - Giorgia Prates
Ao contrário dos anos 80, novos desafios e configurações estão presentes

As lutas por moradia no Paraná passaram por vários momentos. Desde as ocupações nos anos 70 e 80, em Curitiba, a partir do êxodo do campo e da busca de trabalho na capital, chegando às atuais ocupações devido à dimensão da crise econômica, sanitária e ao alto custo de vida. Por isso, a principal luta dos movimentos urbanos neste momento é para que não haja despejos forçados em 2022.

As lutas populares e a demanda por moradia sempre se depararam contra o problema estrutural da ausência de políticas públicas, contra a especulação imobiliária e a destinação das piores regiões para moradia dos trabalhadores. Diante disso, mecanismos como o Estatuto das Cidades (2001) não puderam ser aplicados.

Só em Curitiba estima-se mais de 450 assentamentos irregulares, com cerca de 50 mil casas. Na região metropolitana, são 84 mil domicílios irregulares, muitos dos quais sujeitos a enchentes e dificuldades. Ao mesmo tempo, fala-se em cerca de 47 mil imóveis vazios e 2500 lotes vagos somente na capital. Casas sem pessoas e pessoas sem casa.

Programas importantes como o Minha Casa Minha Vida, de acordo com estudos de Pedro Arantes e Mariana Fix, não atingiram os trabalhadores com menos de três salários mínimos, ficando o aprendizado, para o próximo período, de investimento em programas que busquem parcerias com os movimentos populares e áreas de ocupação. 

E vemos atualmente nova movimentação de ocupações, uma vez que se aprofundou o desemprego, o alto índice de subemprego, das pessoas desencorajadas a buscar trabalho. Um momento de defensiva dos trabalhadores, mas que ao mesmo tempo os empurra para a luta por moradia. Ao contrário dos anos 80, novos desafios e configurações estão presentes nesses trabalhadores precarizados, migrantes, informalizados.

Com isso, os movimentos populares têm novos desafios nos territórios:

1 - Formação de quadros populares surgidos nas novas áreas;

2 – Unidade entre os movimentos populares. Hoje, na luta urbana, a realidade é de fragmentação e de expressões localizadas de luta, que devem ser incentivadas. É fato que não há um grande movimento unificador da luta urbana e por moradia – o que exige das organizações generosidade, busca pela unidade e apoio mútuo.

3 – A luta por moradia e direitos deve confluir com formas organizativas por produção e renda, exigindo do Estado fomento, crédito e condições para a produção de cozinhas comunitárias, clubes de mães, cooperativas etc, o que fornecem a base para o trabalho popular com esses grupos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Edição: Frédi Vasconcelos